ontem e hoje - Repositório Aberto da Universidade do Porto
ontem e hoje - Repositório Aberto da Universidade do Porto
ontem e hoje - Repositório Aberto da Universidade do Porto
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A .RRCA. OU A ILUSÃO DE UMA IDEMIDADE DEFINITIVA<br />
: . .. . ... . .... . .. . .. . ..... . .. , .... , .. , ... , .. , . , .. . ..... . .. . .... . ... . .... . ... . .. . ... . .... . ... . ... . .. . . .. . .... . .. . ... . ... . .. , .. , .. , ... . .. .. . ........ . .. . .... . .<<br />
i 147<br />
pelos africanos e, demasia<strong>da</strong>s vezes, <strong>da</strong><strong>da</strong> como manifestação prohm<strong>da</strong> <strong>do</strong> seu ser,<br />
se transformou em ingrediente indispensável <strong>do</strong> seu discurso ti<strong>do</strong> por mais<br />
~genuínon.~~ Como consequência, a imprescindível e premente empresa de retoma<strong>da</strong><br />
de si, enquanto reconquista de autonomia material e imaterial, surge posterga<strong>da</strong><br />
para um futuro incerto e, em seu lugar, se levanta aqui e acolá um culto <strong>do</strong>negro que,<br />
em descabi<strong>do</strong> e exagera<strong>do</strong> ritual compensatório e narcisista, alude para capaci<strong>da</strong>des<br />
superiores e invoca esperanças messiânicas. O desvario e a incongruência <strong>do</strong> gesto<br />
metonímico residem na absolutiiação de um traço corporal alega<strong>da</strong>mente porta<strong>do</strong>r<br />
de diferença que, assumin<strong>do</strong> foros de enti<strong>da</strong>de ontológica, engole a ampla gama de<br />
riquezas espirituais de to<strong>da</strong> uma humani<strong>da</strong>de africana e a empobrece. Contu<strong>do</strong>, o<br />
excessivo desta acqão deixa transparecer o insuportável mal-estar consigo e com<br />
outrem que o colonialismo implantou e a dificul<strong>da</strong>de de se recolocar sobre os próprios<br />
pés e uma ordem injusta <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> preservam muito para lá <strong>do</strong> razoável.<br />
Se as Américas, nomea<strong>da</strong>mente as suas elites euro-americanas e, sobretu<strong>do</strong>, os<br />
europeus haviam cedi<strong>do</strong>, aquan<strong>do</strong> <strong>da</strong> passagem <strong>do</strong> Antigo para o Novo Regime e<br />
mais tarde, ao fascínio e à demência de nacionalismos, que o paradigma mental <strong>da</strong><br />
época racialiiara para além de qualquer sensatez, os milhões de caí<strong>do</strong>s, que as guerras<br />
etribaisn ocorri<strong>da</strong>s em particular na Europa causaram, demonstram igualmente um<br />
enorme embaraço consigo e com os vizinhos que um culto nacional delirante antes<br />
exacerbou que resolveu. Assim, até nos países de origem, os tempos modernos e a<br />
racionali<strong>da</strong>de que apregoam nascem coxos, estropea<strong>do</strong>s por um jogo entre razão e<br />
desrazão, <strong>do</strong> qual a