Variedades Regionais e Agricultura Biológica - DRAP Centro
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variedades de macieira à agricultura biológica, identificar os problemas chave de pragas<br />
e doenças e descrever algumas medidas de protecção adequadas.<br />
Protecção contra pragas e doenças em agricultura biológica<br />
As medidas de protecção contra pragas e doenças em agricultura biológica<br />
são diversas e dependem de vários parâmetros. No caso do pedrado, a resistência<br />
genética pode resolver o problema, tendo sido criadas variedades híbridas com esse<br />
objectivo em número substancial nos últimos 20 anos (Kellerhals et al., 2004). Algumas<br />
variedades regionais também podem resistir à doença sem qualquer tratamento.<br />
Com variedades resistentes ao pedrado ou de média sensibilidade, é possível<br />
produzir maçã em agricultura biológica, com vantagens ambientais e económicas. Isso<br />
mesmo foi demonstrado comparando 3 sistemas de produção (biológico, integrado<br />
com fertilização orgânomineral e convencional com adubação exlusivamente mineral<br />
de síntese) em pomar da variedade Golden Delicious sobre EMLA9. Esta comparação<br />
ocorreu no estado americano de Washington entre 1994 (ano da plantação) e 1999,<br />
numa área de 1.7 hectares pertencente a uma exploração com 20ha de pomar de<br />
macieiras no Yakima Valley. Ao fim de 5 anos todos os 3 sistemas deram produtividades<br />
semelhantes (cerca de 250t/ha/5anos, com mais de 60t/ha/ano nos 3 últimos anos),<br />
o que em agricultura biológica é uma produção já muito elevada. Na avaliação da<br />
sustentabilidade económica, o sistema biológico foi o melhor, com uma elevada<br />
margem líquida acumulada ao fim dos 5 anos (5789 dólares contra 1658 dólares no<br />
sistema convencional e 1429 dólares no sistema integrado). O mesmo se passou na<br />
sustentabilidade ambiental (fertilidade do solo, eficiência energética, qualidade da<br />
maçã), sendo no conjunto dos parâmetros avaliados, o pomar “biológico” o melhor,<br />
seguido do “integrado” e por último o “convencional” (Reganold et al., 2001).<br />
Para as variedades de mediana sensibilidade ao pedrado pode recorrer-se a<br />
produtos à base de enxofre ou cobre, embora este último tenha restrições de aplicação<br />
até um limite máximo anual de 6Kg/ha de cobre elementar.<br />
Em ensaio de eficácia, com produtos alternativos aos fungicidas cúpricos, realizado<br />
no Norte de França (Pas-de-Calais), com a variedade Boskoop sobre EM9, em 2001,<br />
ano de forte pressão da doença, o melhor resultado foi obtido com o produto Microthiol<br />
® (enxofre micronizado molhável), seguido da modalidade com Cuivrol ® (adubo foliar,<br />
com 18% de cobre, 1,15% de zinco, 0,92% de boro e 0,04% de molibdénio) e o terceiro<br />
melhor resultado foi com calda sulfo-cálcica (Oste-Ledee & Desprez, 2001).<br />
O cobre na forma de gluconato ou de outros complexos orgânicos de cobre (Sergomil<br />
L60 da Servalesa, ou Labicuper da Sopantec), também pode contribuir para limitar<br />
os ataques de pedrado, como tem acontecido no pomar de variedades regionais de<br />
macieiras instalado em 2004 na Estação Agrária de Viseu ao abrigo do projecto Agro<br />
740.<br />
Para o bichado, torna-se necessário recorrer em Portugal a um bioinsecticida<br />
autorizado na União europeia para agricultura biológica, homologado em diversos<br />
países, mas ainda não homologado em Portugal. Trata-se do vírus da granulose do<br />
bichado, que é o principal meio de luta indicado em alternativa ou em complemento<br />
à confusão sexual (Corroyer & Chovelon, 2002). A utilização de aroma de pêra como<br />
kairomona atractiva de fêmeas do bichado poderá vir a ser utilizada no futuro, mas de<br />
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