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Variedades Regionais e Agricultura Biológica - DRAP Centro

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poderão ser mantidas através da aplicação de medidas de política orientadas para a<br />

conservação da agro-biodiversidade, tais como a atribuição de apoios diferenciados<br />

aos agricultores que optem por este tipo de produção.<br />

Mesmo no caso das variedades que são actualmente transaccionadas no mercado,<br />

para as quais existe um grande interesse por parte dos produtores e uma boa<br />

aceitação por parte dos consumidores, pode ser necessário desenvolver incentivos<br />

para a conservação na exploração, devido à dinâmica da economia e à adaptação dos<br />

agricultores à mudança. Usando as palavras e o modelo de Smale e Bellon (1999),<br />

alterações nos parâmetros tecnológicos, socioeconómicos e culturais que condicionam<br />

as decisões dos agricultores influenciam a manutenção das variedades. Além disso,<br />

há que ter em conta os efeitos de alterações nas medidas de política, não só naquelas<br />

que, de forma explícita, afectam a conservação da biodiversidade, mas também as<br />

que, não o fazendo, influenciam de forma indirecta as decisões dos agricultores.<br />

Conclusão<br />

A necessidade de conservar a diversidade genética das plantas cultivadas tem<br />

vindo a ser progressivamente reconhecida, tendo-se passado de uma perspectiva<br />

de conservação em bancos de germoplasma para uma abordagem virada para a<br />

manutenção dos recursos genéticos das plantas cultivadas nos sistemas agrários onde<br />

se desenvolveram.<br />

A conservação deste património tem consequências privadas, mas tem também<br />

consequências públicas. Na óptica privada, quando as variedades locais são conhecidas<br />

e valorizadas no mercado, os agricultores podem retirar vantagens económicas da<br />

substituição de variedades importadas por variedades regionais e os consumidores<br />

podem beneficiar de uma gama de escolha mais diversificada, que satisfaça diferentes<br />

tipos de preferências. Na óptica social, as variedades regionais poderão, por um lado,<br />

vir a constituir a base de futuros melhoramentos genéticos e, por outro lado, como estão<br />

particularmente bem adaptadas aos contextos ecológicos em que evoluíram, podem<br />

desempenhar um papel interessante no caminho para uma agricultura sustentável.<br />

No caso de Portugal, existiam até aos anos sessenta inúmeras variedades<br />

autóctones de fruteiras, bem adaptadas aos contextos de produção e de consumo das<br />

famílias agricultoras. A partir daí, o modelo de desenvolvimento da fileira frutícola levou<br />

a uma contínua erosão desse património. A política produtivista resultante da aplicação<br />

da PAC, a massificação do consumo e a falta de incentivos, de mercado, políticos<br />

e outros, levou os agricultores a abandonarem progressivamente as variedades<br />

regionais.<br />

A partir dos anos noventa observou-se alguma mudança no discurso técnico e<br />

político, que levou ao aparecimento de políticas e iniciativas onde era patente o<br />

reconhecimento da importância da conservação do património genético das plantas<br />

cultivadas ao nível da exploração. A operacionalização desta ideologia traduziu-se em<br />

Portugal na criação, no âmbito da primeira formulação das medidas Agro-ambientais,<br />

da medida de protecção das fruteiras de variedades regionais. No entanto, no III<br />

Quadro Comunitário de Apoio, esta medida viria a ser abandonada, deixando de<br />

existir, ao nível da exploração, qualquer mecanismo de redução da erosão genética<br />

das fruteiras regionais. No PDR actualmente em vigor esta preocupação foi retomada<br />

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