Variedades Regionais e Agricultura Biológica - DRAP Centro
Variedades Regionais e Agricultura Biológica - DRAP Centro
Variedades Regionais e Agricultura Biológica - DRAP Centro
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
transmitiam essa informação. Verifica-se ainda que apenas 8.2% dos participantes<br />
sabiam que a pêra Rocha convencional não oferecia garantias de segurança<br />
alimentar.<br />
Após terem respondido ao questionário, os participantes receberam outros quadros<br />
com as mesmas questões, mas com as respostas correctas. Depois uma pequena<br />
pausa para comparar as suas respostas com as correctas, foi-lhes solicitado que<br />
avaliassem os quatro tipos de peras que tinham à sua frente. Como resultado desta<br />
nova avaliação, a pêra P1 obteve um preço de reserva médio muito mais baixo que as<br />
peras P2 e P3 (- 0.36€, P < 0.0001).<br />
O controlo dos conhecimentos dos participantes antes de efectuarem a avaliação<br />
dos frutos permitiu obter uma boa estimação dos efeitos da informação relativo às<br />
garantias de segurança alimentar fornecida pelos sinais de qualidade. Tal controlo,<br />
revelou que uma maior comunicação veiculada pelos sinais permitiria aumentar a sua<br />
reputação. Contudo, importa notar que, nesta situação, mesmo os participantes mais<br />
informados não atribuíram um preço à pêra P4 superior ao das peras P2 e P3 (- 0.30€,<br />
P < 0.0001), o que sugere ter existido uma arbitragem entre garantia de segurança<br />
alimentar e qualidade sensorial. Os resultados obtidos na situação S4 permitiram<br />
reforçar esta ideia, pois os participantes, na presença de toda a informação sobre os<br />
sinais de qualidade e após voltarem a provar as peras, avaliaram os quatro tipos de<br />
pêra com base nas características sensoriais e não nos sinais de qualidade.<br />
O preço de reserva médio para a pêra P4 manteve-se significativamente mais baixo<br />
que os preços para P1, P2 e P3 (- 0.25€, - 0.27€, - 0.35€ respectivamente, P=0.0001<br />
ou menor). Mais ainda, os preços de reserva médios para P1, P2 e P3 não diferiram<br />
significativamente. Isto levou a prever que o melhor sabor da pêra P1 compensou a<br />
ausência de garantias de segurança alimentar.<br />
Efeitos da informação no consentimento a pagar dos consumidores<br />
Os resultados obtidos em cada situação de informação permitiram constatar que<br />
na avaliação dos consumidores se estabeleceu uma complexa rede de relações entre<br />
sabor e segurança alimentar. É de notar que o maior preço de revelação médio obtido<br />
(0.91€), foi para a pêra P1 na situação S1 e para as peras P2 e P3 na situação S3.<br />
No primeiro caso, os consumidores revelaram o seu preço de reserva após uma<br />
“prova cega”, não tendo qualquer tipo de informação sobre a origem e as práticas<br />
de produção. Tal como era esperado, os participantes preferiram a pêra mais doce.<br />
No entanto, o preço de reserva médio de 0.91€ (atribuído a P1) foi significativamente<br />
superior ao obtido em situações que se aproximam das condições reais de compra, isto<br />
é, quando os participantes podiam apenas observar os frutos e os respectivos sinais<br />
de qualidade. Este resultado permitiu prever que os produtores de pêra provavelmente<br />
poderão aumentar o preço dos frutos maduros se conseguirem garantir aos<br />
consumidores essa característica e informá-los através de uma certificação específica<br />
do tipo “maturação garantida”.<br />
No segundo caso, os participantes revelaram o seu preço de reserva sem terem<br />
provado as peras, no entanto, tinham informação sobre as práticas de produção e<br />
respectivas garantias associadas. Novamente, esta situação difere da que ocorre<br />
em condições de compra reais (tendo em linha de conta o desconhecimento dos<br />
consumidores sobre o real significado dos sinais de qualidade). Na situação S2, como a<br />
162