Variedades Regionais e Agricultura Biológica - DRAP Centro
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de virem a adoptar estas variedades mais rapidamente, ou seja os agricultores com<br />
explorações de maiores dimensões e maior nível de especialização na produção de<br />
maçã.<br />
Contudo, não é claro que as conclusões referidas possam ser transferidas<br />
directamente da Bravo para outras variedades porque esta maçã é a mais valorizada<br />
de todas as maçãs comercializadas no mercado português e o preço que as outras<br />
variedades possam vir a atingir no mercado condicionará de forma clara a apetência<br />
dos agricultores para a sua produção. Na verdade, o preço da maçã Bravo é a razão<br />
mais vezes apontada pelos agricultores para o facto de a terem adoptado, logo seguida<br />
pela conservação do património. Além disso a área de produção da Bravo é restrita e<br />
pode haver diferenças regionais importantes nos comportamentos de adopção.<br />
Considerações finais<br />
A discussão apresentada mostra que existe um conjunto muito diversificado de<br />
variáveis que influenciam a probabilidade de adopção de inovações por parte dos<br />
agricultores e que o seu efeito é exercido de forma interactiva, quer potenciando o efeito<br />
umas das outras, quer mitigando-o. A dimensão da exploração é porventura a variável<br />
onde esta inter-relação é mais evidente, uma vez que tem implicações num conjunto<br />
variado de outros factores, tais como o acesso ao crédito, a gestão da informação, o<br />
rendimento ou a atitude face ao risco. Mas existem muitos outros factores entre os quais<br />
se estabelecem também interacções importantes. As características dos agricultores,<br />
por exemplo, podem influenciar a percepção dos custos e benefícios de uma inovação,<br />
interagindo com as características da própria inovação.<br />
Uma outra constatação é que o peso e o sentido do efeito de cada variável na<br />
explicação da adopção e da difusão pode alterar-se conforme a inovação, o adoptante<br />
e o contexto em que é introduzida. É o caso do comportamento de aversão ao risco<br />
que, embora atrase a difusão da maior parte das inovações, propicia a adopção de<br />
tecnologias que incorporem factores diminuidores do risco. O efeito de determinada<br />
localização geográfica pode ser positivo na adopção de um certo tipo de tecnologias e<br />
negativo na adopção de outras, o mesmo acontecendo, por exemplo, com a existência<br />
de oportunidades de emprego exteriores à exploração.<br />
Convém ainda referir que, quando se estudam as componentes da adopção, é<br />
necessário ter em consideração a fase em que se encontra a difusão tecnológica. Como<br />
mostram Feder e Umali (1993), citando resultados de diversos estudos empíricos, alguns<br />
factores que se revelam determinantes na fase inicial podem perder a sua relevância ao<br />
longo do processo de difusão. Até porque as decisões de adopção têm uma natureza<br />
dinâmica, envolvendo alterações nas percepções e atitudes dos agricultores à medida<br />
que a informação é progressivamente recolhida e a tecnologia é experimentada. Dito de<br />
outra forma, as variáveis não podem ser tratadas indistintamente como determinantes<br />
da adopção e da difusão. Na verdade, não é seguro que as variáveis que afectam a<br />
adopção sejam simultaneamente aquelas que afectam a difusão de uma tecnologia<br />
ou, mais especificamente, a sua taxa de difusão. Como mostra Dinis (2007), existem<br />
variáveis com um impacto importante na decisão de adopção do agricultor mas que<br />
não condicionam o momento dessa adopção e vice-versa. Parece por isso importante<br />
fazer uma distinção clara entre os factores determinantes da adopção e aqueles que<br />
condicionam a difusão das inovações.<br />
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Capítulo 1 - <strong>Variedades</strong> regionais portuguesas