Variedades Regionais e Agricultura Biológica - DRAP Centro
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onde a inovação está relacionada com tecnologias ligadas à conservação de bens<br />
ambientais.<br />
O objectivo deste trabalho consiste em estabelecer uma tipologia ou quadro<br />
conceptual das variáveis que influenciam a inovação tecnológica e a sua difusão em<br />
explorações agrícolas, em particular no que diz respeito à adopção de variedades<br />
regionais de fruteiras.Embora pareça paradoxal usar um quadro de referência ligado à<br />
inovação para explicar a adopção de variedades regionais de fruteiras, o que se verifica<br />
é que a tecnologia de produção de fruteiras se alterou profundamente desde os anos<br />
setenta e que as novas plantações de variedades regionais pouco têm em comum<br />
com as que existiam antigamente. Assim, parece correcto afirmar que, actualmente,<br />
a adopção de antigas variedades regionais, na agricultura portuguesa, constitui mais<br />
uma inovação do que a adopção de variedades modernas, para as quais a tecnologia<br />
é importada e está mais ou menos estabilizada. Além disso, como referem Hooks et<br />
al. (1983), muitos dos programas de I&D que presentemente se centram na adopção<br />
de tecnologias agrícolas não são concebidos para acelerar a adopção de inovações,<br />
nomeadamente práticas, variedades e tecnologias novas, mas antes para encorajar<br />
a adopção de práticas, variedades e tecnologias agrícolas que já existem há muitos<br />
anos.<br />
Determinantes da adopção e difusão tecnológicas em agricultura<br />
Usando a definição proposta por Feder et al. (1985), a adopção ao nível da<br />
exploração individual corresponde ao grau de uso de uma inovação no equilíbrio<br />
de longo prazo, quando o agricultor tem uma informação completa acerca da nova<br />
tecnologia e do seu potencial. Por outro lado, a difusão pode ser definida como o<br />
processo de expansão de uma nova tecnologia, medida pelo nível agregado de uso<br />
dentro de uma dada área geográfica ou no seio de uma dada comunidade. Para Rogers<br />
(2003), trata-se do processo através do qual uma inovação é comunicada, servindo-se<br />
de determinados canais, ao longo do tempo entre os membros de um sistema social.<br />
Uma inovação é uma ideia, prática ou objecto que é percepcionado como novo para o<br />
potencial adoptante, seja ele um indivíduo, um grupo ou uma organização. Não importa<br />
se a ideia é objectivamente nova, o que interessa é a percepção que o indivíduo tem<br />
dela: se lhe aparece como nova, então é uma inovação.<br />
A adopção e a difusão situam-se, portanto, em dois níveis distintos de análise, já que<br />
a difusão trata da adopção agregada através da população de potenciais adoptantes ao<br />
longo do tempo. Como consequência existem modelos teóricos mais vocacionados para<br />
a explicação de cada um dos processos. Tendo em conta esses diversos modelos as<br />
variáveis que condicionam a adopção e difusão tecnológicas na agricultura podem ser<br />
agrupados em cinco categorias principais (Dinis, 2007): características das inovações;<br />
características dos potenciais adoptantes; características das explorações; contexto<br />
agro-ecológico e contexto económico, social e político.<br />
Características das inovações<br />
Vantagem Relativa<br />
A vantagem relativa diz respeito à relação entre os benefícios e os custos, directos<br />
ou indirectos, monetários ou não monetários, que os potenciais adoptantes esperam<br />
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Capítulo 1 - <strong>Variedades</strong> regionais portuguesas