Variedades Regionais e Agricultura Biológica - DRAP Centro
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do país, insere-se nesta perspectiva, atendendo às condições favoráveis do ambiente<br />
físico e cultural.<br />
A fileira que se dedica à produção de maçã em TMAD criou, ao longo das últimas<br />
décadas, estruturas produtivas modernas, desde a produção primária até à conservação<br />
e preparação da maçã, e integrou-se na rede de distribuição alimentar nacional. O<br />
desenvolvimento de algumas variedades regionais de maçã (para além da Bravo) pode<br />
beneficiar das capacidades entretanto adquiridas por esta fileira. Ao mesmo tempo, tal<br />
aposta contribuirá certamente para reforçar a diferenciação, pela qualidade e tipicidade,<br />
dos produtos por ela colocados nos mercados.<br />
No país, a maçã Bravo é a variedade tradicional mais percepcionada pelos<br />
portugueses, indicada por 7% dos consumidores, em estudo realizado por Simões e<br />
Moreira (2006). As variedades Porta da Loja, Casa Nova de Alcobaça e Espelho são<br />
também indicadas, apenas perfazendo 2% das maçãs consumidas pelos inquiridos.<br />
Outras variedades tradicionais não aparecem nos supermercados e a maior parte dos<br />
consumidores nunca delas ouviu falar. Visto que os frutos provenientes de variedades<br />
regionais, devido às suas diversas características, se prestam a variadíssimas formas<br />
de consumo, pressupondo aumento da sua aceitação por parte do consumidor e<br />
consequente elevação do consumo, prevalece assim um nicho de mercado por<br />
preencher, com potencial probabilidade de êxito. Algumas destas variedades têm<br />
potencial para vir a ser certificadas, constituindo também uma forma de diversificar a<br />
oferta nos mercados.<br />
Muitas dessas variedades possuem características que as tornam mais facilmente<br />
adaptáveis ao modo de produção biológico. Podem assim proporcionar produtos<br />
tradicionais de elevada qualidade, especialmente se produzidos, segundo métodos<br />
que ofereçam menos riscos para a saúde e para o ambiente, havendo uma significativa<br />
franja do consumidor português (88%), predisposta a valorizar estes bens, pagando<br />
mais cerca de 48% sobre o preço médio de bens similares, produzidos pelos métodos<br />
convencionais (Simões e Moreira, 2006). “...Parece-nos importante que se valorizem<br />
as variedades mais interessantes através de incentivos à produção, para consumo<br />
particular ou para pequenos nichos de mercado, nomeadamente o da fruta biológica,<br />
uma vez que há variedades com características que lhes conferem alguma resistência<br />
a pragas e doenças” (Crespí et al, 2006: 4). Contribuem também para a melhoria do<br />
ambiente e da biodiversidade, através da harmonização e embelezamento da paisagem,<br />
se instaladas em povoamentos diversos de acordo com as condições de cada zona.<br />
São ainda adaptáveis à estrutura fundiária e edafo-climática de TMAD. Podem<br />
ser plantadas em pequenas parcelas, em zonas menos adequadas às variedades<br />
convencionais e podem complementar economicamente a produção daquelas, ao<br />
mesmo tempo que imprimem maior diversidade e variabilidade genética.<br />
As plantações da variedade regional Bravo têm potencial económico<br />
Como foi referido, a produção de maçã Bravo tem, em TMAD, tido um significativo<br />
crescimento, certamente em virtude das cotações elevadas que esta maçã atinge<br />
nos mercados nacionais. Em consequência, tomando como exemplo esta variedade,<br />
tentámos avaliar o interesse económico-financeiro da produção das variedades<br />
regionais na perspectiva da rendibilidade empresarial das explorações que a elas se<br />
dediquem.<br />
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Capítulo 1 - <strong>Variedades</strong> regionais portuguesas