Variedades Regionais e Agricultura Biológica - DRAP Centro
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VARIEDADES REGIONAIS DE MACIEIRAS<br />
EM TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO<br />
Carlos Fonseca<br />
Resumo<br />
A industrialização da agricultura conduziu ao quase desaparecimento do<br />
património genético constituído pelas variedades regionais de macieira. No<br />
entanto, reconhece-se actualmente que a preservação deste património é muito<br />
importante em termos ambientais e económicos. O aproveitamento de algumas<br />
destas variedades em estratégias de valorização da qualidade e tipicidade,<br />
dirigidas a nichos de mercado específicos, é um dos caminhos que as fileiras<br />
agrárias de regiões desfavorecidas, como Trás-os-Montes e Alto Douro,<br />
necessitam de percorrer para enfrentar a concorrência crescente e os desafios<br />
colocados com a globalização das economias. Porém, à excepção da variedade<br />
Bravo (anteriormente designada Bravo de Esmolfe), o potencial económico das<br />
variedades regionais não está a ser aproveitado. Analisando a rendibilidade da<br />
produção desta última variedade em duas situações (explorações de pequena<br />
e média dimensão com 1 e 4 ha de pomar), podemos concluir que a aposta dos<br />
fruticultores locais no cultivo de variedades regionais, como a Bravo, pode<br />
revelar-se financeiramente compensadora, desde que determinados limiares<br />
de custos e de produtividade por ha sejam atingidos, em especial porque os<br />
preços alcançados por estas maçãs têm sido, até à data, mais elevados que os<br />
das maçãs mais comuns.<br />
Introdução<br />
A intensificação da agricultura em todo o mundo e em particular na Europa, ao<br />
substituir os sistemas agrícolas de subsistência, de enorme diversidade, por sistemas<br />
monoculturais intensivos, conduziu ao desaparecimento de um incalculável património<br />
genético, particularmente no domínio das árvores de fruto, como foi o caso das macieiras<br />
e pereiras.<br />
A produção tradicional, caracterizada pela utilização de variedades regionais e por<br />
árvores de médio e grande porte, localizadas, de forma mais ou menos dispersa, em<br />
pequenos pomares irregulares, isoladas ou até em consociação com outras culturas,<br />
começou, desde a segunda metade do século XX, a dar lugar a sistemas de produção<br />
frutícolas mais “industrializados” (Routson, 2005), ou seja, com sistemas de condução<br />
mais ordenados e adaptados à mecanização, em que a escolha do material vegetativo<br />
recaiu principalmente sobre variedades importadas de produtividade melhorada.<br />
Em Portugal, pelos anos 60, começou a promover-se a implantação de pomares<br />
de variedades exóticas, uma vez que estas exibiam frutos com grande uniformidade<br />
de tamanho e forma, de maturação homogénea, resistência ao transporte a grandes<br />
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