Variedades Regionais e Agricultura Biológica - DRAP Centro
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e não me respondeu”. Não é difícil imaginar que, com as maçãs, se terão passado<br />
episódios semelhantes.<br />
Decorreram mais de 100 anos de acentuadas mudanças no mundo agrícola e de<br />
fortes pressões de variedades estrangeiras em que, à excepção de poucas iniciativas<br />
pontuais, não foi realizado nenhum trabalho de forma constante e metódica para<br />
caracterizar e preservar estes recursos genéticos autóctones. Este descuido agravou<br />
seriamente o problema já sentido no passado.<br />
Todas estas situações nos ajudam a entender a panorâmica que encontramos na<br />
pesquisa bibliográfica desenvolvida no âmbito de um estágio efectuado por Borges<br />
(1999), onde foi compilada informação sobre a caracterização e designação de<br />
variedades portuguesas. Neste trabalho podemos verificar como é imensa a quantidade<br />
de designações encontradas, sendo já referidas várias sinonímias.<br />
Em 1994, o Regulamento (CE) n.º 1467, do Conselho, de 20 de Junho, referia,<br />
nos seus considerandos iniciais: “Considerando que convém preservar a diversidade<br />
genética e biológica na agricultura da Comunidade, que constitui um património de<br />
recursos genéticos e biológicos insubstituível, tomar todas as medidas necessárias<br />
para a sua preservação, caracterização, recolha e utilização a fim de contribuir para os<br />
objectivos da política agrícola comum e para a protecção da biodiversidade, de acordo<br />
com a convenção sobre a protecção da biodiversidade ratificada pela Comunidade<br />
em 1993, bem como encontrar todas as soluções de futuro que venham a revelarse<br />
necessárias”. Com base nestas preocupações nacionais e comunitárias, foram<br />
adoptadas em Portugal medidas tendentes à preservação do património genético<br />
nacional no que diz respeito a variedades regionais de peras e maçãs.<br />
<strong>Variedades</strong> em colecção na <strong>DRAP</strong>C<br />
A insistente referência por parte dos agricultores às variedades antigas de pereira<br />
incentivou os técnicos da então Direcção Regional de <strong>Agricultura</strong> da Beira Litoral<br />
(DRABL) a instalarem em Coimbra, na Primavera de 1995, uma replicação de parte<br />
(19 variedades) da colecção de pereiras tradicionais existente na Estação Nacional<br />
de Fruticultura Vieira da Natividade (ENFVN), em Alcobaça. Foram ainda plantadas 2<br />
proveniências referenciadas na região da Beira Litoral. Em 1997, no âmbito do Projecto<br />
PAMAF 6114 “Preservação de variedades regionais de pomóideas na região <strong>Centro</strong><br />
Norte”, que decorreu entre 1997 e 2000, foram identificadas, propagadas e postas<br />
em colecção (em Soure) 37 proveniências de pereiras prospectadas na região da<br />
Beira Litoral (Anexo 1). Estas colecções representam já uma significativa diversidade<br />
de material biológico preservado. Todavia, foram constituídas no passado colecções<br />
porventura mais amplas, que não chegaram aos nossos dias.<br />
No que diz respeito às variedades de macieiras, podemos ver na figura 1 como foi<br />
evoluindo a plantação na Estação Agrária de Viseu do material recolhido um pouco por<br />
todo o país. Começou-se em 1996 com 37 proveniências, das quais 22 (59%) vieram do<br />
Instituto de Formação e Educação Cooperativa (IFEC) - Fundação Rodrigues Silveira<br />
e tinham sido recolhidas pelo Engenheiro Técnico Agrário António Júlio Cartageno<br />
Ferreira, as outras 15 resultaram das primeiras prospecções feitas na área da ex-<br />
DRABL (Figura 2).<br />
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Capítulo 1 - <strong>Variedades</strong> regionais portuguesas