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Variedades Regionais e Agricultura Biológica - DRAP Centro

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POLÍTICA AGRÍCOLA<br />

E CONSERVAÇÃO DAS VARIEDADES REGIONAIS DE FRUTEIRAS<br />

Isabel Dinis, Orlando Simões e Jorge Moreira<br />

Resumo<br />

A evolução recente da agricultura europeia tem sido marcada pelo domínio<br />

da Política Agrícola Comum. Com o objectivo de aumento da oferta de alimentos,<br />

esta política contribuiu, durante várias décadas, para perturbar o equilíbrio entre<br />

a agricultura e a biodiversidade. O Estado forneceu infra-estruturas e novos<br />

factores de produção, subsidiou os agricultores, favoreceu ou, nalguns casos,<br />

forçou a especialização, a qual se traduziu, entre outras coisas, na delapidação<br />

do património genético das plantas cultivadas.<br />

Em Portugal, este processo de industrialização iniciou-se nos anos sessenta e<br />

acentuou-se com a entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia. De<br />

facto, a imposição da normalização não facilitou o enquadramento das variedades<br />

regionais no sistema comercial e a política de apoio ao investimento favoreceu<br />

variedades mais produtivas, normalmente importadas. Mais recentemente,<br />

as imposições e recomendações da política ambiental europeia e a criação de<br />

denominações de origem, têm vindo a contrariar esta tendência, ainda que de<br />

forma ténue.<br />

Introdução<br />

A relação entre a agricultura e a diversidade biológica é feita essencialmente a<br />

dois níveis. Por um lado, a diversidade biológica é um factor decisivo nas actividades<br />

agrícolas, essencialmente porque permite a criação de novas variedades e raças para<br />

a realização de objectivos económicos, sanitários, técnicos e ecológicos. Por outro<br />

lado, a agricultura assegura a manutenção de alguns tipos de ecossistemas fortemente<br />

dependentes desta actividade. A preservação das variedades regionais, melhor<br />

adaptadas às condições agro-ecológicas, poderá contribuir também para uma gestão<br />

mais sustentável dos recursos e para a valorização da paisagem. Além disso, estas<br />

variedades estão frequentemente associadas a práticas e usos ancestrais e, portanto,<br />

à riqueza do património cultural.<br />

O reconhecimento da necessidade de conservar a diversidade infra específica das<br />

culturas, tem já várias décadas e traduziu-se na criação de bancos de germoplasma<br />

para diversas culturas um pouco por todo o mundo, ou seja, na conservação ex situ.<br />

Mais recentemente surgiu uma abordagem complementar que sugere a conservação in<br />

situ e on-farm. Esta nova visão, bem patente no Tratado Internacional sobre os Recursos<br />

Fitogenéticos para a Alimentação e <strong>Agricultura</strong>, que entrou em vigor em Junho de 2004,<br />

evidencia o papel dos agricultores na conservação da agro-biodiversidade e, como<br />

salienta Brush (1991), corresponde à manutenção dos recursos genéticos das plantas<br />

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