Variedades Regionais e Agricultura Biológica - DRAP Centro
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que enfatizam a adopção agregada através da população de potenciais adoptantes<br />
ao longo do tempo. As questões gerais para as quais estes estudos tentam encontrar<br />
resposta é saber quais as razões que fazem com que a adopção de uma nova tecnologia<br />
não seja imediata e porque é que a taxa de difusão varia entre empresas, tecnologias<br />
e sectores, ou seja, porque é que alguns utilizadores adoptam mais cedo e outros mais<br />
tarde.<br />
A análise da adopção tecnológica na agricultura exige um quadro conceptual<br />
próprio, não só porque, como referem Feder e Umali (1993), as decisões não são,<br />
na maioria dos casos, tomadas no âmbito de verdadeiras empresas mas antes no<br />
seio de explorações familiares que são ao mesmo tempo unidades de produção e de<br />
consumo, mas também porque a própria actividade agrícola encerra especificidades<br />
que condicionam essas decisões. Exemplo disso é o carácter fortemente biológico da<br />
produção e a sua dependência de factores naturais, tais como a qualidade do solo<br />
e o clima, que afectam de forma muito significativa o volume de produção anual e a<br />
rendibilidade das explorações agrárias, dificulta o controlo das operações e aumenta<br />
o grau de risco e de incerteza. Por outro lado, em virtude da rigidez da procura de<br />
muitos dos produtos agrários, as variações inter-anuais na produção induzem uma<br />
grande instabilidade nos preços e mercados, o que constitui uma fonte adicional de<br />
incerteza. Outra fonte de complexidade é a simultaneidade e complementaridade entre<br />
produções. Além disso, a agricultura tem com o factor tempo uma relação particular<br />
que resulta, por um lado, da sazonalidade e perecibilidade dos produtos e, por outro, do<br />
desfasamento entre as decisões que afectam a produção e a efectivação dessa produção<br />
que, no caso das culturas permanentes, pode ser de vários anos. No aspecto estrutural<br />
existem também algumas especificidades, em particular no que concerne ao trabalho<br />
utilizado e à dimensão das empresas, já que as actividades agrárias e rurais servem<br />
frequentemente de refúgio económico a uma população rural idosa e pouco qualificada,<br />
com uma mobilidade profissional reduzida. Finalmente, em muitas agriculturas, como<br />
é o caso da portuguesa, a dimensão económica das unidades produtivas é geralmente<br />
muito reduzida e, portanto, o problema de adopção de tecnologias onde as economias<br />
de escala são relevantes coloca-se de forma muito evidente.<br />
Todos os factores que influenciam as expectativas de cada agricultor em relação<br />
aos benefícios que consegue retirar de uma nova tecnologia são susceptíveis de<br />
condicionarem a taxa e o ritmo da sua adopção. Aspectos tais como a dimensão da<br />
exploração, a quantidade e a qualidade dos recursos naturais disponíveis, as restrições<br />
financeiras enfrentadas pela empresa e pela família, a facilidade de acesso à informação<br />
e as características do agricultor, são frequentemente apontados como determinantes<br />
da adopção tecnológica. Assim, é mais provável que os primeiros aderentes vivam<br />
mais perto dos mercados e dos centros administrativos e tenham melhor acesso aos<br />
meios financeiros necessários para utilizar as novas tecnologias. A incerteza relativa<br />
aos custos e benefícios futuros de uma nova tecnologia, em resultado da imperfeita<br />
previsão acerca do ambiente económico e das expectativas da evolução tecnológica,<br />
podem também explicar porque é que uma tecnologia não é imediatamente adoptada<br />
por todos os seus potenciais utilizadores (Khanna et al., 1999). Mais recentemente,<br />
factores relacionados com as percepções e atitudes dos agricultores têm vindo a ser<br />
incorporados na análise. Burton et al. (2003), por exemplo, demonstram que aspectos<br />
tais como as atitudes em relação ao ambiente parecem ser importantes em situações<br />
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