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Variedades Regionais e Agricultura Biológica - DRAP Centro

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FrutaNatura:<br />

Peras, maçãs e modo de produção biológico<br />

Orlando Simões<br />

Barriga de Freira, Bravo de Esmolfe, Camoesa, Focinho de Burro, Malápio, Olho<br />

de Boi, Pardo Lindo, Pêro Rei, Pêro Pipo, Porta da Loja, Riscadinha, Três ao Prato,<br />

Carapinheira, Dona Joaquina, Marmela, Pérola, Rabiça, Rocha, …<br />

Estas, e tantas outras, são designações que soam estranhas e até um pouco<br />

caricatas aos jovens urbanos de hoje, mas acordam antigas lembranças aos mais idosos,<br />

sobretudo aos que ainda recordam as velhas macieiras e pereiras ao fundo do quintal.<br />

Abandonadas ao mesmo tempo que os sistemas de produção tradicionais, grandes<br />

árvores de fruto dispersas nas bordaduras e estremas dos campos ou consociadas<br />

com outras culturas, as variedades regionais de peras e maçãs ficaram esquecidas<br />

nos processos de modernização da agricultura, votadas ao abandono ou simplesmente<br />

queimadas nas lareiras dos seus proprietários.<br />

Mudam-se os tempos, mudam-se os contextos, mudam-se as vontades. Em<br />

consequência, as variedades regionais começam hoje a despertar o interesse de<br />

diferentes agentes da fileira frutícola. Ao longo das páginas que se seguem serão<br />

desenvolvidos os principais motivos deste interesse: viabilidade de sistemas de<br />

produção alternativos, valorização de produtos endógenos de qualidade mais adaptados<br />

aos sistemas minifundiários dominantes, diversificação da oferta e segmentação do<br />

mercado, satisfação de novas exigências do consumo, etc.<br />

Se outros motivos não houvesse, a simples sistematização e explicitação das razões<br />

ligadas ao património genético, teria sido motivo suficiente para justificar a edição da<br />

presente obra. Todavia, outras razões se acrescentam.<br />

A possibilidade de dispor de alimentos não contaminados por resíduos tóxicos, é uma<br />

das razões que justificam a adopção de novos modelos de consumo, onde a esbelteza,<br />

a saúde e o bem-estar, são notas dominantes. A produção integrada e a agricultura<br />

biológica vieram dar resposta a estas preocupações. Ora, a ideia generalizada de<br />

que as variedades regionais se adaptam bem ao modo de produção biológico, é aqui<br />

demonstrada pela primeira vez para algumas destas variedades, apesar do conceito<br />

não poder ser linearmente extrapolado para todas elas. Deste modo, é dado mais<br />

um passo na busca de produções mais seguras sob o ponto de vista alimentar, de<br />

qualidade superior e amigas do ambiente, quer ao nível da produção obtida, quer ao<br />

nível dos sistemas de produção utilizados.<br />

Esta obra foi realizada no âmbito do projecto Agro 740, Valorização de variedades<br />

regionais de pomóideas em modo de produção biológico. Nela participaram, não só a<br />

maioria das equipas do projecto, nomeadamente da Direcção Regional de <strong>Agricultura</strong><br />

e Pescas do <strong>Centro</strong> (<strong>DRAP</strong>C), das Escolas Superiores Agrárias de Coimbra e de Viseu<br />

e da Agro-sanus, Lda, como também equipas convidadas que têm vindo a trabalhar<br />

na mesma problemática. Também a Cooperativa Agrícola de Mangualde, igualmente<br />

parceira do projecto, participou em vários trabalhos, sobretudo como elo de ligação<br />

com os fruticultores.<br />

O livro está organizado em três capítulos, sendo o primeiro dedicado às variedades<br />

regionais de macieiras e pereiras. Num primeiro artigo, Isabel Dinis apresenta uma<br />

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