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Pobreza e Bem-Estar em Moçambique - International Food Policy ...

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<strong>Pobreza</strong> e <strong>B<strong>em</strong></strong>-estar <strong>em</strong> <strong>Moçambique</strong>: 1996-97<br />

Com base nesta informação, o número total dos laços que representam um fluxo positivo<br />

(a soma dos diferentes indivíduos que deram algo ao entrevistado) pode ser comparado com o<br />

número total dos laços que representam fluxo negativo (a soma dos diferentes indivíduos que<br />

receberam algo do entrevistado) por tipo de troca (alimentos, dinheiro, bens e mão-de-obra). O<br />

tamanho destes laços totais indica a profundidade das relações disponíveis para o entrevistado<br />

para além daqueles que se encontram tipicamente no grau de parentesco imediato (esposo e<br />

crianças menores, no caso do grupo alvo de mulheres com crianças menores). Assume-se que<br />

o indivíduo que mitiga o risco tenta estabelecer um maior número de laços de modo a ter uma<br />

variedade de pessoas a qu<strong>em</strong> recorrer <strong>em</strong> momentos de crise.<br />

A localização da relação de troca fora do agregado imediato reflecte a potencialidade do<br />

entrevistado mitigar o risco através de laços localizados ambos na mesma comunidade (acesso<br />

fácil) e os laços mais distantes para utilizar quando toda a aldeia ou vila está afectada<br />

negativamente pelo mesmo acontecimento (seca, cheia, etc.). Os laços distantes, nos outros<br />

países, por ex<strong>em</strong>plo os parentes que trabalham na África do Sul, têm sido conhecidos durante<br />

muito t<strong>em</strong>po como uma das fontes mais importantes de transferências monetárias no sul de<br />

<strong>Moçambique</strong>. Além disso, as ligações entre as áreas rurais e urbanas na África Sub-Sahariana<br />

são citadas frequent<strong>em</strong>ente como os mecanismos significantes para assegurar<strong>em</strong> a segurança<br />

alimentar das famílias durante todo o ano.<br />

A direcção líquida dos laços entre um indivíduo e os outros reflecte a dependência do<br />

entrevistado nos outros e t<strong>em</strong> implicações na probabilidade de sustentar as relações de troca.<br />

Quando as relações são recíprocas, com os dois lados dando e recebendo sobre t<strong>em</strong>po, maiores<br />

incentivos exist<strong>em</strong> para os dois lados de manter o contacto, que na situação de relações uni-<br />

direccionais nos quais só um lado está a beneficiar significativamente da relação. Indivíduos<br />

vulneráveis numa sociedade, hipoteticamente praticam mais relações uni-direccionais (neste<br />

caso, recebendo e não dando) que laços recíprocos, reflectindo a sua dependência dos outros para<br />

sobreviver nos t<strong>em</strong>pos de crise.<br />

Para perceber o grau <strong>em</strong> que o agregado familiar está integrado <strong>em</strong> relações recíprocas<br />

, foi calculado um razão de reciprocidade, no qual o número de laços que implicam dar é<br />

dividido pela soma de todos os laços que implicam saídas (dar) e dos que representam entradas<br />

(receber). Neste caso, um valor de 0,50 indica que um indivíduo tende a ter reciprocidade nas<br />

suas trocas com os outros: o número de laços que implicam recebimentos durante o ano transacto<br />

esteve ao mesmo nível com o número de laços que implicaram saídas. Nos extr<strong>em</strong>os, um valor<br />

zero indica que o agregado familiar encontra-se no extr<strong>em</strong>o final de recepção <strong>em</strong> qualquer<br />

transacção e o valor 1 indica que o agregado familiar apenas dá e nunca recebe nada <strong>em</strong> troca.<br />

Note-se que a razão de reciprocidade não reflecte o tamanho da rede dos laços, ou seja um<br />

indivíduo com 4 laços pode ter a mesma razão que um indivíduo com 8; capta a natureza do tipo<br />

de troca, com a medida de reciprocidade de 0,50 a representar o mais elevado grau de benefício<br />

mútuo.<br />

6.7.1. Existência de Laços Fora da Família Imediata<br />

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