Pobreza e Bem-Estar em Moçambique - International Food Policy ...

Pobreza e Bem-Estar em Moçambique, 1996-97
de terra per capita do que os pobres (0,6 e 0,4 hectares per capita, respectivamente). A
distribuição distorcida do tamanho da terra é também revelada quando a distribuição é dividida
em quartis. Por exemplo, a Tabela 2.21 mostra que a nível nacional, 29 por cento dos pobres
encontram-se no quartil inferior do tamanho da terra per capita, e 21 por cento encontra-se no
quartil superior. Isto compara-se com 21 por cento e 29 por cento dos não pobres,
respectivamente.
Em geral, o uso de insumos agrícolas (além do trabalho) é baixo para os agregados
familiares pobres e não pobres. Os não pobres têm mais probabilidade de usar mais fertilizantes
19
ou equipamentos agrícolas do que os pobres, conforme mostra a Tabela 2.22; a diferença é
pequena nas zonas rurais, mas é pronunciada nas zonas urbanas. Somente 3 por cento dos
agregados familiares da amostra possuem terra irrigada, com as machambas urbanas com maior
probabilidade de ter irrigação do que as machambas rurais. Embora o acesso à terra irrigada seja
distribuído com bastante uniformidade entre as diferentes classes de pobreza, ou mesmo
favoravelmente para os ultra-pobres e pobres urbanos, em média os não pobres possuem áreas
maiores de terra irrigada do que os pobres.
A nível nacional, somente 13 por cento dos agregados familiares com terra para
agricultura contrata mão-de-obra em qualquer momento durante a época agrícola na qual a
entrevista foi conduzida. A mão-de-obra contratada é muito mais comum nas zonas urbanas do
que nas zonas rurais, com 25 por cento dos proprietários urbanos de machamba contratando mão-
de-obra, comparados a 12 por cento dos proprietários rurais. Tanto nas rurais como nas urbanas,
os não pobres têm cerca de duas vezes mais probabilidade de usar mão-de-obra contratada em
suas machambas do que os não pobres. Em termos de insumos agrícolas, a Tabela 2.22 mostra
que a mão-de-obra contratada é um indicador forte da probabilidade de um agregado familiar ser
pobre ou não pobre.
O milho é a cultura mais comumente praticada tanto entre os pobres como os não pobres,
cultivado aproximadamente por 75 por cento dos agregados familiares que produzem culturas
(Tabela 2.23). Nas zonas rurais são os não pobres que têm mais probabilidade de vender pelo
menos algumas das suas colheitas de milho; doze por cento dos não pobres rurais que cultivam
milho comercializam parte de sua colheita, comparados com 8 por cento dos ultra-pobres e 10
por cento dos pobres. Porém, nas zonas urbanas a tendência é inversa, com 6, 5 e 3 por cento dos
ultra-pobres, pobres e não pobres, respectivamente, vendendo parte da produção de milho.
A mandioca é cultivada por 60 por cento dos agregados familiares que possuem terra para
agricultura , uma percentagem maior nas zonas rurais (63 por cento) e nas zonas urbanas (38 por
cento). Nas zonas rurais e urbanas os não pobres têm mais probabilidade de cultivar mandioca
do que os pobres ou ultra-pobres, enquanto a situação é inversa nas zonas urbanas. Virtualmente
nenhuma mandioca produzida nas zonas urbanas é comercializada, enquanto aproximadamente
19
Isto refere-se ao equipamento além da enxada manual comum, como tracção animal ou mecânica,
bombas de água ou equipamentos de irrigação.
77