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Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

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DROGA DA VIOLÊNCIA FORMIDÁVEL – Capítulo 3<br />

No âmbito do planejamento e gestão urbanos, entre tantas outras, têm sido<br />

relevantes as incursões sobre os impactos socioespaciais do tráfico <strong>de</strong> drogas no<br />

tecido urbano. Trata-se do ângulo da gestão e do planejamento urbanos<br />

participativos, pelo quão ameaçadora se torna a crescente territorialização <strong>de</strong><br />

espaços resi<strong>de</strong>nciais segregados, sobretudo as favelas, por grupos <strong>de</strong> traficantes <strong>de</strong><br />

drogas, cujas conseqüências mais temerárias, entre outras, são a imposição <strong>de</strong><br />

restrições à liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> locomoção dos moradores, a difusão <strong>de</strong> uma cultura do<br />

medo e do silêncio, além da (tentativa <strong>de</strong>) manipulação <strong>de</strong> organização social, em<br />

sua face mais visível, as associações <strong>de</strong> moradores. Foco <strong>de</strong> notícias, telenovelas,<br />

espetáculos artísticos, temas acadêmicos, preocupações científicas e outros, voltam-<br />

se os olhos para tais conseqüências, hoje visivelmente factíveis <strong>de</strong> criar dificulda<strong>de</strong>s,<br />

às vezes, intransponíveis para a adoção <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> autêntica participação<br />

popular na gestão e no planejamento local.<br />

Para Souza (2004), a urbanização <strong>de</strong> favelas, sobretudo se assentada nos<br />

marcos <strong>de</strong> uma genuína participação dos moradores, bem como a <strong>de</strong>finição coletiva<br />

dos orçamentos participativos, sublinhados como dois bons exemplos ilustrativos da<br />

questão, ambas correm o risco <strong>de</strong> grave cerceamento. Como diz o autor,<br />

... Se, no geral, mesmo o planejamento e a gestão convencionais cada vez<br />

mais esbarram no po<strong>de</strong>r dos donos dos morros, é fácil imaginar que, ainda<br />

mais <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um espírito progressista, comprometido com a<br />

<strong>de</strong>mocratização, o po<strong>de</strong>r paralelo dos traficantes <strong>de</strong> varejo, amiú<strong>de</strong><br />

exercido <strong>de</strong> forma tirânica e incompatível com ganhos <strong>de</strong> autonomia para a<br />

maioria da população das coletivida<strong>de</strong>s pobres, vem a consistir em um<br />

formidável obstáculo... (p.56).<br />

À luz do significado semântico <strong>de</strong> formidável, como sendo, algo<br />

assustador, esse cerceamento participativo, fustigado pela voracida<strong>de</strong> midiática na<br />

espetacularização da notícia e pelo não <strong>de</strong>scartado e velado propósito do po<strong>de</strong>r<br />

capilar policial <strong>de</strong> (<strong>de</strong>s)informação ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconexão <strong>de</strong> notícias, que antes haveria<br />

<strong>de</strong> ser o foco <strong>de</strong> interesse acaba secundarizado e esquecido. A notícia do<br />

cerceamento <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser o aspecto principal, e a idéia que passa ao telespectador<br />

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