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Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

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DROGA DA VIOLÊNCIA FORMIDÁVEL – Capítulo 3<br />

... busca-se sempre, a causa, em vez <strong>de</strong> se admitir que as causas possam<br />

ser muitas e variadas, o que exige integração <strong>de</strong> dimensões, <strong>de</strong> agendas,<br />

<strong>de</strong> escalas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r... e <strong>de</strong> esforços.<br />

A ‘solução... ’ não virá... sob a forma <strong>de</strong> medida simples e muito dificilmente<br />

será <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> um ato volitivo <strong>de</strong> algum governante. [É preciso] uma<br />

sinergia <strong>de</strong> muitas medidas... (p.67).<br />

O Favela-Bairro do Rio <strong>de</strong> Janeiro, exemplificado pelo autor, apesar <strong>de</strong><br />

mobilizar vultosos recursos e <strong>de</strong> ser o programa <strong>de</strong> urbanização <strong>de</strong> favelas e<br />

regularização fundiária do país mais visível no exterior, <strong>de</strong>senvolve-se ao largo <strong>de</strong><br />

um assunto a ele estreitamente inquilinado – a negligência dos gestores do<br />

programa no que concerne aos problemas vinculados ao tráfico <strong>de</strong> drogas <strong>de</strong> varejo<br />

(p.67). Optou-se por ignorar o tráfico <strong>de</strong> drogas, circunscrevendo-se o administrador<br />

público à estrita divisão formal <strong>de</strong> sua competência, na contramão <strong>de</strong> um outro<br />

compromisso transcen<strong>de</strong>nte com o princípio da economia dos recursos públicos. No<br />

discurso dos gestores, é um programa <strong>de</strong> inclusão social da prefeitura, e a questão<br />

da segurança pública é do Estado, sem planejamento <strong>de</strong> integração prévia das<br />

esferas co-partícipes <strong>de</strong> influência.<br />

A segurança oferecida pelos traficantes é aleatória e casuística. Longe <strong>de</strong> ser<br />

estrutural, gratuita e estendida a todos, muitas vezes, na prática, é seletiva e<br />

oficiosamente cobrada sob a forma <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong> pedágio em relações<br />

sabidamente espúrias em certos casos. Não raro, quando <strong>de</strong>stituídos <strong>de</strong> autonomia<br />

<strong>de</strong> ação por imposição dos traficantes, muitos <strong>de</strong>sses lí<strong>de</strong>res passam a ser nada<br />

mais que representantes ou funcionários dos mesmos, ren<strong>de</strong>ndo-se sem resistência<br />

a essas cobranças oficiosas. Por sua vez, a omissão do po<strong>de</strong>r público em cobranças<br />

in<strong>de</strong>vidas do uso do espaço público, nada mais se traduz na legitimação que se<br />

configura em <strong>de</strong>smoralização.<br />

Ante a visível <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> convergência <strong>de</strong> esforços não se po<strong>de</strong> prescindir<br />

das contribuições institucionalistas, <strong>de</strong> pequeno e médio prazo (reestruturação do<br />

aparato policial e inserção <strong>de</strong> dispositivos preventivos), nem das medidas<br />

redistributivistas (estratégias <strong>de</strong> redução da pobreza e das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais)<br />

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