Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ
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DROGA DE CENÁRIO SOCIAL E DA PROPAGANDA POLÍTICA OFICIAL – Capítulo 2<br />
A violência nas escolas rompeu a privacida<strong>de</strong> e o sigilo a que têm direito os<br />
pais <strong>de</strong> alunos na re<strong>de</strong> pública do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Bandidos já invadiram escolas,<br />
para buscar informações da direção sobre as profissões <strong>de</strong> pais <strong>de</strong> alunos. Grupos<br />
<strong>de</strong> traficantes tentam saber da presença filhos <strong>de</strong> policiais matriculados nas<br />
unida<strong>de</strong>s. Denúncias <strong>de</strong> professores, mostram que os traficantes impõem que os<br />
diretores transmitam recados ameaçadores para os alunos. Assim, filhos <strong>de</strong> policiais<br />
ficam vulneráveis na linha <strong>de</strong> fogo e, muitas vezes, há casos <strong>de</strong> agentes da lei,<br />
sobretudo na Zona Oeste, por exemplo, pedirem para ser transferidos para o interior<br />
do estado. A violência obriga filhos <strong>de</strong> policiais a fugir da i<strong>de</strong>ntificação da profissão<br />
do pai na escola, bem como leva policiais a prescindir da farda fora do local <strong>de</strong><br />
trabalho.<br />
silêncio.<br />
Quanto aos professores, po<strong>de</strong>-se dizer que hoje vivem no cárcere privado do<br />
Arriscada e sacrificada é a vida dos professores da re<strong>de</strong> pública no Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro que, além dos baixos salários, submetem-se ao regulamento das Secretarias<br />
<strong>de</strong> <strong>Educação</strong> e ao bordão <strong>de</strong> alunos aliciados pelo crime, muitos <strong>de</strong>les efetivamente<br />
ligados ao tráfico <strong>de</strong> drogas e ao banditismo, e outros sujeitos à má influência sob<br />
ameaça <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> vida. Um estudo iniciado em 1997 mostra que as escolas, com<br />
maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alunos, estão propensas a terem casos <strong>de</strong> violência em um<br />
nível mais alto e grave. O estudo distinguiu três tipos <strong>de</strong> violência: as agressões<br />
entre os alunos, as ameaças aos professores e as <strong>de</strong>predações do patrimônio.<br />
Verificam-se (ALMEIDA, 2005) roubos a alunos, professores ou funcionários <strong>de</strong>ntro<br />
dos estabelecimentos escolares, brigas violentas <strong>de</strong>ntro e fora da escola, consumo<br />
<strong>de</strong> drogas intramuros nas unida<strong>de</strong>s, tráfico <strong>de</strong> drogas e a presença <strong>de</strong> gangues<br />
<strong>de</strong>ntro e fora da escola. Até crianças <strong>de</strong> baixa faixa etária são aliciadas a este<br />
universo <strong>de</strong> consumidores <strong>de</strong> drogas. Quanto mais jovem, mais assustador é o<br />
quadro, haja vista imagens diariamente exibidas na mídia, <strong>de</strong> escola <strong>de</strong><br />
profissionalização da droga.<br />
Interrupção <strong>de</strong> aula por conflitos entre menores, via <strong>de</strong> regra, é assunto<br />
levado aos conselhos tutelares do município, que vivenciam impotentes o<br />
crescimento da violência nas escolas públicas do Rio, pois, sofrem com a falta <strong>de</strong><br />
estrutura para analisar casos e <strong>de</strong>núncias que chegam até os órgãos competentes.<br />
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