03.06.2013 Views

Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Consi<strong>de</strong>rações finais: – Capítulo 6 182<br />

saber que existe um outro que, tanto quanto a si próprio, possui e precisa ter sua<br />

dignida<strong>de</strong> respeitada, seja ele, neste caso, pobre, negro, infrator, <strong>de</strong>linqüente etc.<br />

Não <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>scartar o formulador <strong>de</strong> políticas, entre tantos atributos<br />

<strong>de</strong>sejáveis a construção da autorida<strong>de</strong> moral, o auto-penitenciamento <strong>de</strong> buscar<br />

saber por que o conceito do po<strong>de</strong>r como repressão é tão repudiado hoje quanto, no<br />

passado, incomodava Foucault, a ponto <strong>de</strong> impeli-lo a mais minuciosos estudos<br />

sobre as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r na socieda<strong>de</strong>. Na visão foucaultiana, por toda uma<br />

história e extensa tradição, o po<strong>de</strong>r é aquilo que naturalmente reprime. E o sistema<br />

da repressão, <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> uma compreensão do homem como um possuidor <strong>de</strong><br />

direitos substanciais, que reúne na figura do contrato (o mandato administrativo), a<br />

matriz da soberania. Quando o soberano, assinala Costa (2004, p.227), no uso dos<br />

direitos <strong>de</strong> que se fez representante, ultrapassa a si mesmo, abusando <strong>de</strong> suas<br />

funções, ele vai além do contrato, ou seja, passa a ser opressor e não mais<br />

representante .<br />

A hipótese repressiva para Foucault parece ser saudável como autopenitenciamento,<br />

porque leva à vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber, ou seja, ao levantamento<br />

<strong>de</strong> dúvidas sobre o modo <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> seus discursos sobre o<br />

sujeito, contribuindo assim, para ajudar a compreen<strong>de</strong>r as instâncias <strong>de</strong><br />

produção discursiva que, mais do que reprimir, trabalham na organização<br />

<strong>de</strong> discursos que acabam funcionando como potencial produtivo.” (i<strong>de</strong>m,<br />

grifo nosso, p.228).<br />

Enfraquece o po<strong>de</strong>r, quando predomina a versão disciplinar, que, em seu<br />

extremo, sugere colocar do outro lado da gra<strong>de</strong>, não o perigoso ou o <strong>de</strong>linqüente,<br />

mas aquele que se julga proprietário do vínculo sujeito-verda<strong>de</strong>, no limiar dos<br />

sujeitos loucos ou histéricos (I<strong>de</strong>m, p.233), levando a pensar que está na hora <strong>de</strong><br />

concordar com Foucault, em sua referência a uma outra política (I<strong>de</strong>m, p.231). Em<br />

verda<strong>de</strong>, são bastante contingenciais quaisquer chances previamente imaginadas <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r bem sucedidos, ao se pressupor que um auto-patrulhamento ostensivo do<br />

gestor sobre atos que resvalem rápida facilmente para o po<strong>de</strong>r coercitivo, “é preciso<br />

tomar consciência das armadilhas do universo <strong>de</strong> interesses do setor produtivo,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!