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Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

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DROGA DE CENÁRIO SOCIAL E DA PROPAGANDA POLÍTICA OFICIAL – Capítulo 2<br />

A ocupação das favelas e o domínio das organizações criminosas datam <strong>de</strong><br />

meados dos anos 80. Os traficantes locais estabeleceram um novo conceito para o<br />

direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>. São titulares físicos <strong>de</strong>ssas áreas e gerenciam toda a sorte<br />

<strong>de</strong> problemas que ocorrem, sejam eles materiais, jurídicos, assistenciais, religiosos,<br />

enfim, como uma espécie <strong>de</strong> mandão provedor, controlador <strong>de</strong> todas as ações que<br />

ocorrem nas comunida<strong>de</strong>s menos favorecidas. Os tribunais <strong>de</strong> exceção(AMORA et<br />

al, 2007) são uma realida<strong>de</strong> nas favelas. Tortura: ação <strong>de</strong> torcer. A <strong>de</strong>finição<br />

etimológica dos dicionários não dimensiona os variados métodos criados para infligir<br />

dor às pessoas. No período da ditadura militar, torturadores submetiam suspeitos <strong>de</strong><br />

subversão e ativistas políticos a múltiplas agressões, sendo uma das mais<br />

conhecidas o “pau-<strong>de</strong>-arara”, em que a vítima era amarrada, nua, <strong>de</strong> cabeça para<br />

baixo, durante horas. Outra forma <strong>de</strong> suplício que marcou época foi a “ca<strong>de</strong>ira do<br />

dragão”, em que o capturado, nu e molhado, era amarrado num assento metálico,<br />

ligado a fios condutores <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong>. Os choques elétricos, os afogamentos e as<br />

sessões <strong>de</strong> asfixia, em que a cabeça do torturado era enfiada em sacos plásticos,<br />

eram rotineiramente usados como métodos eficazes para obter informações ou<br />

confissões.<br />

Na ditadura imposta por traficantes e milicianos em favelas do Rio, a tortura é<br />

empregada como suplício para prolongar o sofrimento da vítima até a morte.<br />

Traficantes e grupos paramilitares torturam, à vista, dos moradores. Assim, impõem<br />

o medo. Para isso, <strong>de</strong>rretem garrafas <strong>de</strong> PET sobre as vítimas, espancam com<br />

pedaços <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, atiram em mãos, pés e joelhos. Como na ditadura, usam sacos<br />

para asfixiar. Espadas, machados e facões são utilizados em esquartejamentos<br />

públicos.<br />

Pobreza<br />

As dificulda<strong>de</strong>s financeiras, materiais, a fome, o baixo po<strong>de</strong>r aquisitivo, a<br />

privação das necessida<strong>de</strong>s básicas existentes nessas comunida<strong>de</strong>s do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro estabelecem um contraste duro e sacrificante em relação à riqueza das<br />

classes média e alta da cida<strong>de</strong>. Essas limitações tornam realida<strong>de</strong> o trabalho infantil,<br />

assim sendo, nessas comunida<strong>de</strong>s é comum crianças trabalharem <strong>de</strong>pois da escola<br />

para compor o orçamento doméstico.<br />

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