Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ
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DROGA DE CENÁRIO SOCIAL E DA PROPAGANDA POLÍTICA OFICIAL – Capítulo 2<br />
<strong>de</strong> Domicílios 28 apontou que 29,3% dos jovens estudavam, enquanto outros 17,7%<br />
estudavam e trabalhavam. Ao todo, eram 46,9% na escola e na faculda<strong>de</strong> – outros<br />
33,1% só tinham emprego. Quem não fazia uma coisa nem outra, tinha, em média,<br />
menos anos <strong>de</strong> estudo e menor renda familiar, ou seja, era mais pobre,<br />
caracterizando o que o autor enten<strong>de</strong> como círculo vicioso da pobreza. Citando<br />
pesquisas do Distrito Fe<strong>de</strong>ral e Pernambuco, o pesquisador <strong>de</strong>staca que esses<br />
adolescentes, em torno <strong>de</strong> 6,9 milhões no país, passam o dia na rua ou em bares,<br />
trilhando um caminho que, invariavelmente, leva à criminalida<strong>de</strong>.<br />
Waiselfisz (2007) agrega a estes elementos um outro drama que é a falta <strong>de</strong><br />
qualida<strong>de</strong> do ensino. A série histórica do Sistema <strong>de</strong> Avaliação da <strong>Educação</strong> Básica<br />
- SAEB, do Ministério da <strong>Educação</strong> - MEC, mostra que, <strong>de</strong> 1995 a 2005, as notas <strong>de</strong><br />
português e matemática caíram tanto na 8.ª série (9.º ano, quando o ensino<br />
fundamental dura nove anos) quanto no 3.º ano do ensino médio.<br />
O Rio <strong>de</strong> Janeiro ficou em último lugar no indicador <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, puxado pela<br />
mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> jovens por causas violentas, outro indicador em que, também, ocupa<br />
a última posição, com taxa <strong>de</strong> 130,7 mortes para cada cem mil jovens contra 79,3 na<br />
média nacional.<br />
Salienta ainda o autor que a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> renda é uma das principais<br />
causas da violência, lembrando que, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, nas favelas, localizadas no<br />
perímetro urbano, os jovens pobres, sobretudo os negros, que se espelham no<br />
padrão <strong>de</strong> consumo da população com maior po<strong>de</strong>r aquisitivo, apresentam os mais<br />
baixos indicadores.<br />
O estudo apresenta elementos referenciais importantes, como por exemplo, o<br />
analfabetismo entre os jovens, <strong>de</strong> 2,4%, concentrado no Nor<strong>de</strong>ste. Em <strong>de</strong>z estados,<br />
entre eles o Rio <strong>de</strong> Janeiro, não passava <strong>de</strong> 1%. O maior índice, o <strong>de</strong> São Paulo,<br />
com 0,7%, contrapõe-se ao mais baixo <strong>de</strong> Alagoas, com 8,2%. A taxa <strong>de</strong> jovens<br />
freqüentando o ensino médio ou a faculda<strong>de</strong>, previsível para quem tem 15 anos ou<br />
mais, subiu ligeiramente <strong>de</strong> 29,2% para 33,1%, entre 2001 e 2006.<br />
28 PNAD do IBGE.<br />
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