Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

DROGA DE DISCURSEIRA POLÍTICO-EDUCACIONAL – Capítulo 4
interrogação antes os problemas que a aflingem, quando nem os governos e nem a
sociedade souberam lidar com a questão, impondo a ela maior débito pelo fracasso
de suas ações.
Em sua breve historiografia da droga, Abramovay (2002) destaca a época
balizadora do seu expansionismo, sobretudo, a partir da Segunda Guerra Mundial, e
com maior ênfase nas culturais ocidentais, da década de 60 para cá, quando o
homem começou a se exceder nestas práticas, sintetizando novos produtos,
aumentando a concentração e a potência das drogas que, no passado, eram
tradicionalmente mais restritas ao uso esporádico durante os ritos religiosos,
cerimônias grupais (celebrações ou festas).
No sentido de oferecer ajuda à compreensão, invoca a autora muito do que
ainda prevalece dos resquícios de hábitos, atitudes e normas culturais que
prevaleceram no passado:
...O homem, desde priscas eras, procurou achar uma beberagem ou
remédio que tivesse o poder de tirar ou aliviar as dores, produzir alegria,
não ter angústias, acalmar paixões, acabar com o medo, dando-lhe
coragem para as lutas e ânimo para as incertezas, tristezas e agruras da
vida, e também preservar a mocidade e a saúde (p.196).
Os limites da tradição cultural eram mantidos pelos preceitos e rituais que o
homem obedecia ao fazer uso da droga a que as sociedades primitivas, há mais de
3.000 anos, já recorriam em busca de experiências transcendentais para se
aproximar de suas divindades, sobretudo durante os cultos sagrados, quando seus
efeitos eram recebidos como revelações sagradas.
Passada a série de mudanças sociais ocorridas nos século XIX, as
substâncias até então usadas de forma ritualística em pequena e média escala,
como as drogas, se expandiram mundo afora com a intensificação da urbanização e
da industrialização, bem como com o avanço da química orgânica e da tecnologia,
capazes de gerar novos outros produtos (morfina, heroína, cocaína etc).
Em meio ao abuso de entorpecentes assustadoramente acentuados no
século XX, os Estados Unidos adotaram uma política mais rígida de intolerância às
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