Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ
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Consi<strong>de</strong>rações finais: – Capítulo 6 174<br />
traficante e ao usuário, resta o constrangimento pela abordagem diferenciada que se<br />
requer, respectivamente, como divisados casos distintos <strong>de</strong> crime e caso <strong>de</strong> doença.<br />
O vício mais <strong>de</strong>letério das políticas <strong>de</strong> combate à droga é aquele que anuncia,<br />
ensaia e não dá resultado convincente. São as políticas <strong>de</strong>marcadas <strong>de</strong> vôo curto,<br />
pré-estabelecidas, em sua essência, e como sempre, pelo caráter <strong>de</strong>fensivo. Tanto<br />
as políticas <strong>de</strong> repressão como as <strong>de</strong> prevenção geralmente implementadas<br />
pa<strong>de</strong>cem <strong>de</strong> um atraso na largada e <strong>de</strong> uma visão holística, competente e<br />
abrangente por parte dos governantes <strong>de</strong> plantão. Por inaptidão ou por inépcia só se<br />
reprime e se previne sobre o fato acontecido. Pouco ou nada se faz para o que está<br />
para acontecer, ou seja, as políticas que, a rigor, <strong>de</strong> fato e direito <strong>de</strong>vem merecer o<br />
título <strong>de</strong> prevenção, observado o significado semântico da palavra - 1. ação <strong>de</strong><br />
prevenir; 2. conjunto <strong>de</strong> medidas ou preparação antecipada <strong>de</strong> (algo) que visa<br />
prevenir (um mal) Houaiss e Villar( 2001, p.2296).<br />
Mais angustiante que ver um time na <strong>de</strong>fensiva em toda a partida, é ver<br />
sucessões e sucessões <strong>de</strong> gestores administrativos correndo na <strong>de</strong>fensiva <strong>de</strong> um<br />
mal anunciado. Fossem eles, em mínimo respeito ao leitor que os institui,<br />
interessados em buscar na literatura pertinente as bases norteadoras para suas<br />
ações, certamente já teriam se dado conta <strong>de</strong> que a droga é apenas um cadinho<br />
visível da proa <strong>de</strong> um colossal iceberg, cuja popa, ainda invisível e submersa, está à<br />
espera <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> e coragem políticas para conhecê-la. A droga não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser<br />
uma ponta no cenário mais amplo e espinhoso da violência social.<br />
Ambos, o lastro epistemológico e a coragem política, se fazem necessários<br />
para não se <strong>de</strong>ixarem cair noutros equívocos e/ou armadilhas conceituais, capazes e<br />
fazê-los encampar conteúdos contraditórios sob rótulos enganosos. A educação,<br />
como prática social por lidar com fenômenos das relações <strong>de</strong> classe, não foge à sina<br />
<strong>de</strong> todos os conceitos congêneres, quando apropriados por muitos donos <strong>de</strong> filosofia<br />
e interesses variados. Corre-se o risco <strong>de</strong> servir a senhores e causas abjetas, sob<br />
inofensivos e até alvissareiros mantos <strong>de</strong> seu significado semântico, se não<br />
buscadas suas raízes políticas.<br />
Depen<strong>de</strong>ndo da fonte filosófica e/ou da gestão administrativa em que leis e<br />
programas educativos são gestados, po<strong>de</strong>-se transitar no embate <strong>de</strong> visões