Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ
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Consi<strong>de</strong>rações finais: – Capítulo 6 173<br />
políticas, é impelido a calar-se na rota <strong>de</strong> colisão entre interesses do po<strong>de</strong>r mercantil<br />
versus necessida<strong>de</strong>s sociais do povo.<br />
Para sair bem na foto, governantes <strong>de</strong> plantão adotam a tendência mais geral,<br />
e bastante conhecida, <strong>de</strong> não tocar no assunto, <strong>de</strong> esquivar-se <strong>de</strong> cobranças<br />
enérgicas, <strong>de</strong> fazer uso infesto da máquina pública em nome <strong>de</strong> iniciativas que se<br />
sabe <strong>de</strong> antemão inoficiosas.<br />
Tanto nos postos aspirados por nomeação quanto por eleição, não é tradição<br />
da prática política brasileira, abaixo das lealda<strong>de</strong>s partidárias, inserir <strong>de</strong>bates<br />
públicos como mecanismo republicano <strong>de</strong> conhecimento da aptidão intelectual e<br />
experiências específicas, bem como da visão holística, como requisitos mínimos às<br />
candidaturas na área <strong>de</strong> gestão pretendida.<br />
Assim, afora as mais comuns, dir-se-iam predominantes políticas<br />
<strong>de</strong>magógico-eleitoreiras e toda a sua coetânea ramificação familiar - as políticas<br />
espetaculosas, as pontuais, as maquiadas, as paleativas, as discursivas e outras-,<br />
mesmo as poucas bem intencionadas não raro são traídas pelo fogo amigo do<br />
<strong>de</strong>spreparo ou até da estultice.<br />
A diuturna preposição <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> combate à droga sempre <strong>de</strong> forma<br />
setorizada, por compartimentos estanques <strong>de</strong> áreas, geralmente as <strong>de</strong> educação e<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, quase nunca integrantes entre si, é ilustrativo testemunho da<br />
apresentação teimosa e <strong>de</strong>scolada <strong>de</strong> um fenômeno interventivo <strong>de</strong> fato senão pelas<br />
abrangentes políticas sociais.<br />
Políticas efetivas não mais orbitam no plano do dualismo simplista, e por que<br />
não simplório, entre a repressão e a prevenção, quando conseguem transitar num<br />
patamar <strong>de</strong> discussão hoje visto como superado pelo mundo civilizado tamanho o<br />
primarismo que as move. Beirando mais a barbárie, são quase impalatáveis a<br />
espetacularização da droga como caso <strong>de</strong> polícia e a teatralização indivisa da<br />
repressão. Pouca ou nenhuma informação se vê acompanhada nas telas aos<br />
flagrantes atrozes, se os mesmos se dão pelo uso ou pelo tráfico, na linha do tipo<br />
primeiro pren<strong>de</strong> <strong>de</strong>pois se apura. Não bastasse a violência repressiva indistinta ao