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Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

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DROGA DE CENÁRIO SOCIAL E DA PROPAGANDA POLÍTICA OFICIAL – Capítulo 2<br />

Guardamos incrustadas no nosso imaginário imagens primordiais e sempre<br />

ativas – Adão e Eva, a Serpente, Caim, o Dilúvio, o aniquilamento <strong>de</strong> Sodoma e<br />

Gomorra e até o clímax da violência: a crucificação <strong>de</strong> Cristo.<br />

Po<strong>de</strong>ríamos <strong>de</strong>signar outros genocídios, neste caminho <strong>de</strong> tantos horrores,<br />

mas o genocídio ju<strong>de</strong>u é um acontecimento único, emblema <strong>de</strong> uma violência<br />

extrema e total.<br />

A prática nazista produziu sulcos profundos, agindo através <strong>de</strong> amontoamento<br />

<strong>de</strong> corpos em blocos <strong>de</strong> concentração, fornos crematórios, câmaras <strong>de</strong> gás,<br />

empilhamento <strong>de</strong> cadáveres em valas comuns.<br />

E <strong>de</strong> que violência in<strong>de</strong>scritível se reveste o terrorismo! O atentado, ato <strong>de</strong><br />

violência que é sua expressão característica visa a um objeto cuidadosamente<br />

selecionado, ainda que este seja uma multidão anônima e transeunte. Um ponto <strong>de</strong><br />

sangue une os membros do grupo. O ato terrorista tem por objetivo acordar a<br />

massa, repor em circuito sua energia revolucionária latente. Assim surgirá uma força<br />

invencível que <strong>de</strong>struirá tudo na sua passagem.<br />

O terrorismo é a figura extrema da violência, e ele expan<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />

extremida<strong>de</strong> a outra do mundo; ele difun<strong>de</strong> em todos os ares e mares, visando a<br />

sinistras florações, os grãos imperceptíveis e sombrios da violência.<br />

Encontramos a violência no cotidiano, num mergulho profundo na alma<br />

humana e, às vezes, não há uma palavra, um gesto, um objeto ou um instante que<br />

não a encubra. Po<strong>de</strong>mos dizer que até a entrada na vida se faz sob o signo da<br />

violência.<br />

A violência é sempre uma resposta à outra violência – é assim que,<br />

normalmente, as coisas são percebidas. É a partir do outro que ameaças,<br />

agressões, hostilida<strong>de</strong>s e duros golpes nos atingem, fundamentando-se em nós.<br />

Queremos salientar sempre que o outro é o <strong>de</strong>tentor da violência; nós apenas<br />

estamos <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo a nossa pele.<br />

Pelo olhar, a violência faz suas graduações mais finas e mais variadas; os<br />

olhos são reveladores das vibrações do homo violens.<br />

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