Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ
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DROGA DE CENÁRIO SOCIAL E DA PROPAGANDA POLÍTICA OFICIAL – Capítulo 2<br />
vezes na bíblia. No livro do Gênesis, lê-se que Noé teria plantado uma vinha após o<br />
dilúvio e se embriagado. Em suma, quase todas as civilizações <strong>de</strong> que temos notícia<br />
experimentaram o álcool em bebidas sob diversas formas.<br />
As drogas <strong>de</strong> uso mais antigo são os alucinógenos. Os índios da América do<br />
Sul inalavam alucinógenos nas cerimônias religiosas, durante os rituais <strong>de</strong><br />
passagem dos jovens. Os hebreus faziam uso da inalação, aspirando os gases frios<br />
das fendas <strong>de</strong> rochas, durante alguns cultos religiosos. E até o pintor Van Gogh<br />
(1853-1840) costumava inalar terebintina, <strong>de</strong>rivado do petróleo utilizado como<br />
solvente <strong>de</strong> tintas.<br />
Como se po<strong>de</strong> notar, na Antiguida<strong>de</strong>, era comum observar uma forte relação<br />
das drogas com o ritual religioso, em que seu uso era revestido <strong>de</strong> caráter sagrado.<br />
Hoje, muito menos freqüentemente, ainda se vê o uso <strong>de</strong> substâncias para alteração<br />
<strong>de</strong> consciência em rituais, como no caso do Santo <strong>Da</strong>ime, criado no Estado do Acre,<br />
que faz uso <strong>de</strong> raízes e plantas para a fabricação <strong>de</strong> um chá, usado apenas durante<br />
as cerimônias.<br />
Foi no período <strong>de</strong> introdução do Cristianismo que se passou a questionar,<br />
restringir e proibir o uso <strong>de</strong> drogas. Antigamente, quase todas as religiões faziam<br />
uso <strong>de</strong>ssas substâncias. Os novos sacerdotes cristãos, tentando acabar com a<br />
concorrência dos outros cultos, passaram a perseguir aqueles que faziam uso das<br />
drogas e até aqueles que estudavam os seus po<strong>de</strong>res e usos medicinais. Isso<br />
porque a dor, para os cristãos, era uma forma <strong>de</strong> se aproximar <strong>de</strong> Deus. A investida<br />
contra as pesquisas <strong>de</strong>ssas substâncias foi tão forte que, no século X, a cura <strong>de</strong><br />
doenças só podia ser feita com substâncias simbólicas como óleos, velas e água<br />
benta.<br />
Neste período, o Islã era mais permissivo com as drogas. Chegou até a<br />
expandir o uso do ópio em pastilhas, que vinham com o selo mash allah, que<br />
significa presente <strong>de</strong> Deus. O ópio era consi<strong>de</strong>rado um euforizante para todas as<br />
situações, aconselhável para a passagem da segunda para a terceira ida<strong>de</strong> da vida,<br />
para o consumo nos divãs e nos locais <strong>de</strong> encontro assemelhados a cassinos. Era,<br />
também, bastante difundido o uso do cânhamo. No século X, o café passou a ser<br />
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