Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ
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DROGA DE CENÁRIO SOCIAL E DA PROPAGANDA POLÍTICA OFICIAL – Capítulo 2<br />
Há os olhares duros que congelam e assombram; olhares ditos inquisidores,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhosos, penetrantes, que interpelam, suspeitam, fuzilam, olhares que<br />
importunam, como os há <strong>de</strong> uma suavida<strong>de</strong> ou doçura, que nos levam à perdição,<br />
nos afundam <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>les.<br />
A violência surge, ao longo da História, através <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> exterminação<br />
que revelam um processo <strong>de</strong> assustadora <strong>de</strong>sumanização e somos <strong>de</strong> imediato<br />
surpreendidos pela proximida<strong>de</strong> existente entre po<strong>de</strong>r e violência. Os vínculos são<br />
estreitos: O po<strong>de</strong>r afronta e utiliza a violência, e esta, em troca, sempre exprime uma<br />
certa forma <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.<br />
A violência do po<strong>de</strong>r instaura o po<strong>de</strong>r da violência, que visa a criar um mundo<br />
<strong>de</strong> medo, <strong>de</strong> traição, <strong>de</strong> tormento. Um mundo <strong>de</strong> aniquiladores e aniquilados...<br />
Todavia, nenhuma i<strong>de</strong>ologia, nenhum sistema <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>clara praticar a<br />
violência pela violência. Sempre um fim superior lhe é <strong>de</strong>signado, como no nazismo,<br />
triunfo do super-homem <strong>de</strong> raça ariana, ou, no stalinismo, o advento do homem novo<br />
comunista.<br />
Assim surge o lí<strong>de</strong>r, como Hitler, personagem carismática por fascinar a<br />
socieda<strong>de</strong>, as massas, mas no íntimo, <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong> pura violência pela sua estrutura<br />
<strong>de</strong> caráter: Ele tinha crises <strong>de</strong> fúria, explosões <strong>de</strong> ódio por tudo e por nada.<br />
Crimes, massacres, genocídios, assim como angústias e terrores sem fim –<br />
nada do que há <strong>de</strong> pior na violência é <strong>de</strong>sconhecido pela humanida<strong>de</strong>.<br />
Ela passa – não pára <strong>de</strong> passar e repassar, não importa o que se diga ou o<br />
que se faça, por mim, por você, por ele, por nós, por todos, por tudo!<br />
Ao longo dos séculos, éticas, filosofias, políticas, terapêuticas esforçaram-se<br />
no sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r-se do seu domínio soberano, <strong>de</strong> recusar-se a respon<strong>de</strong>r<br />
às práticas aterrorizantes do “homem violens” para conseguir os poucos e irrisórios<br />
resultados que se conhecem.<br />
Falando agora da violência contemporânea, temos a ressaltar que esta,<br />
ajudada pelo extraordinário meio <strong>de</strong> comunicação que é a televisão, tem-se<br />
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