Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ
Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ
Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
DROGA DE CENÁRIO SOCIAL E DA PROPAGANDA POLÍTICA OFICIAL – Capítulo 2<br />
anos 60, durante o movimento chamado psicodélico. Como forma <strong>de</strong> protesto contra<br />
o sistema vigente, os hippies chamaram a atenção, pregando a paz e o amor sob<br />
efeitos <strong>de</strong> alucinógenos. No período, <strong>de</strong> 1968 a 1976, em que foram hasteadas<br />
diferentes ban<strong>de</strong>iras da contracultura, o psicólogo Timothy Leary <strong>de</strong>stacou-se neste<br />
período, ao estudar, experimentar e até testar em seus alunos da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Harvard, alucinógenos como o LSD.<br />
Já no final do século XX, associações pró-uso <strong>de</strong> drogas, ante a infecção<br />
crescente e generalizada pelo HIV e outras doenças como hepatite B e C, ajudaram<br />
a promover alteração drástica na política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública. Surgiram estratégias <strong>de</strong><br />
redução <strong>de</strong> danos, ou harm reduction, que é <strong>de</strong>finida por Newcombs, como sendo<br />
uma política social que tem como objetivo minorar os efeitos negativos, as<br />
conseqüências do uso das drogas. Tal política foi adotada pela maior parte dos<br />
países da Europa, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e alguns países em<br />
<strong>de</strong>senvolvimento. Procurou-se lançar mão <strong>de</strong> estratégias educativas, <strong>de</strong> trocas <strong>de</strong><br />
seringas e <strong>de</strong> substituição <strong>de</strong> heroína por metadona, por exemplo, medidas essas<br />
sempre apoiadas em pesquisa e avaliação da eficácia das intervenções.<br />
O tradicionalismo no combate às drogas no Brasil sempre dominou a política<br />
na área da saú<strong>de</strong>. Santos (1989) inovou, ao lançar a proposta <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong><br />
seringas e agulhas, que acabou gerando uma gran<strong>de</strong> polêmica, pois foi consi<strong>de</strong>rada<br />
uma medida contra a lei fe<strong>de</strong>ral. De qualquer maneira, <strong>de</strong>u-se largada no Brasil a<br />
uma mentalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> danos pelo uso in<strong>de</strong>vido <strong>de</strong> drogas. O passo<br />
seguinte foi dado pela prefeitura <strong>de</strong> Salvador, Bahia, em 1995, que implantou a troca<br />
<strong>de</strong> seringas.<br />
As razões das pessoas para usarem drogas.<br />
Para Huxley (2002), é improvável que a humanida<strong>de</strong> em geral seja algum dia<br />
capaz <strong>de</strong> dispensar os paraísos artificiais. Enten<strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma substancial e concreta,<br />
que há uma busca da autotranscendência através das drogas. Há uma busca <strong>de</strong><br />
férias químicas <strong>de</strong> si mesmo. Justifica a idéia, afirmando que a maioria dos homens<br />
e mulheres levam vidas tão dolorosas – na pior das hipóteses – ou tão monótonas,<br />
pobres e limitadas – na melhor <strong>de</strong>las – que a tentação <strong>de</strong> transcen<strong>de</strong>r a si mesmos,<br />
ainda que por alguns momentos, é e sempre foi um dos principais apetites da alma.<br />
11