Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ
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DROGA DE DISCURSEIRA POLÍTICO-EDUCACIONAL – Capítulo 4<br />
Fechando-se cada vez mais o cerco à sedução pelo uso ou até mesmo o<br />
tráfico <strong>de</strong> drogas, cresce também o <strong>de</strong>safio ao controle social permanente não<br />
somente <strong>de</strong> pais e professores, mas <strong>de</strong> toda a socieda<strong>de</strong> sobre os programas da<br />
educação formal das escolas e sobre os projetos <strong>de</strong> lazer esportivo e artístico das<br />
intituladas vilas/ praças / parques olímpicos, que nome tenham, no sentido <strong>de</strong> rejeitar<br />
o engodo propagandístico dos efeitos <strong>de</strong> fachada e dos estruturalmente<br />
<strong>de</strong>scomprometidos interesses político-eleitoreiros, em se sabendo <strong>de</strong> CECCHETO<br />
(2004, p. 30) que<br />
...a tendência mais geral é evitar cobranças <strong>de</strong>masiadas, não tocar no<br />
assunto e driblar as dificulda<strong>de</strong>s com jogos e ativida<strong>de</strong>s artísticas...<br />
Notícias recorrentes <strong>de</strong> mau uso do dinheiro público são sintomáticas <strong>de</strong> quão<br />
fadadas à breve aposentação, pela via da <strong>de</strong>núncia cidadã, as até há pouco bem<br />
germinadas propostas <strong>de</strong> efeito (i) moral <strong>de</strong> gestões populistas, bem como<br />
ameaçada está a superficialida<strong>de</strong> das pesquisas mantidas pelo contribuinte, que até<br />
agora têm dado margem ao continuísmo, ao vicejamento e à perpetuação <strong>de</strong><br />
falácias, preconceitos, subjetivida<strong>de</strong>s e apriorismos contumazes usuais nessas<br />
propostas. Nada mais oportuno que reportar à historiografia da sociologia do <strong>de</strong>svio,<br />
na tentativa <strong>de</strong> refundar o olhar científico sobre as tendências interacionistas que<br />
buscam analisar as causas <strong>de</strong> comportamentos <strong>de</strong>sviantes, em lugar <strong>de</strong><br />
encampamento sem críticas e da a<strong>de</strong>são fácil ao modismo <strong>de</strong> comunitarismo, da<br />
solidarieda<strong>de</strong>, da participação e outros correlatos. Sabe-se, a princípio, que a<br />
especificida<strong>de</strong> da teoria interacionista encontra-se justamente na ação coletiva e na<br />
ênfase no processo social, através do qual um indivíduo ou grupo é consi<strong>de</strong>rado<br />
<strong>de</strong>sviante pelos <strong>de</strong>mais, como assinala Lima (2001).<br />
Mais consi<strong>de</strong>rada uma coleção <strong>de</strong> versões relativamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />
<strong>de</strong>ntro da sociologia, a sociologia do <strong>de</strong>svio é uma disciplina <strong>de</strong>senvolvida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
século XIX, a princípio voltada para a conceituação <strong>de</strong> alguns problemas sociais,<br />
abordados em obra <strong>de</strong> criminologia, tratados filosóficos e assuntos religiosos. De<br />
seu berço, em Chicago, logo se viu atribuída a uma sociologia própria da cida<strong>de</strong>,<br />
pelo mapeamento antropológico <strong>de</strong> todos os seus bairros <strong>de</strong> imigrantes <strong>de</strong> várias<br />
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