Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

DROGA DE CENÁRIO SOCIAL E DA PROPAGANDA POLÍTICA OFICIAL – Capítulo 2
Numa cidade cada vez mais dividida em territórios controlados por comandos
e infestada de pequenos ladrões e estupradores, a segurança é propiciada pela
quadrilha local, que respeita essas regras de convívio com o trabalhador.
É ilustrativa a alusão à formação da galera (op.cit.), que junta os jovens de um
mesmo bairro para atividades recreativas, principalmente, o baile funk. Embora a
quase totalidade dos membros das galeras seja de estudantes e trabalhadores,
esses jovens tentam escapar da imagem de otário – o que não tem esperteza, que
se submete ao trabalho por salário baixo e que não se veste nem consome como os
ricos. Para os membros da galera, mais humilhante do que ser pobre é ser um bobo,
identificado como o que não tem disposição para brigar. Mas, ao contrário das
gangues, as galeras cariocas não são organizações com chefia instituída e não
costumam promover o enriquecimento de seus membros através de práticas ilícitas.
Têm, contudo, uma estreita relação com os bairros em que vivem. Se praticam
atividades ilícitas, os jovens das galeras o fazem de maneira transitória, embora, às
vezes, a guerra entre as galeras juvenis possa terminar tragicamente em agressões
graves e assassinatos.(op.cit.)
Já a quadrilha inspira temor, pois é um centro de reprodução da criminalidade
como meio de vida, um aprendizado do vício, encaminhando os jovens para a
violência e a morte prematura. As características desses grupos – as quadrilhas de
traficantes e as galeras - por diferentes que sejam entre si, têm várias continuidades
ou clamorosas semelhanças com as das gangues das cidades estadunidenses.
(op.cit.)
A exclusão é uma usina de atração.
Os jovens que começam a se envolver nas atividades criminosas e que se
reúnem em galeras ou quadrilhas são, de um modo geral, homens negros, pardos
ou brancos pobres que, vitimados por sucessivas repetências, evadiram-se da
escola e não lograram escolaridade necessária, que lhes permitisse a inserção no
mercado de trabalho.
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