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Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

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DROGA DA VIOLÊNCIA FORMIDÁVEL – Capítulo 3<br />

menos imediatos e mais difíceis <strong>de</strong> operar no caso <strong>de</strong> políticas apoiadas nessa visão<br />

culturalista. Ambas conservadoras, tanto a abordagem institucionalista quanto a<br />

abordagem culturalista, na prática se vêem matizadas ao sabor das conveniências<br />

políticas <strong>de</strong> uma e <strong>de</strong> outra, <strong>de</strong> acordo com a receptivida<strong>de</strong> do eleitorado.<br />

Diferentemente da linha conservadora, um outro enfoque chamado pelo autor<br />

<strong>de</strong> redistributivismo, correspon<strong>de</strong> àquele tipicamente <strong>de</strong>fendido pelos<br />

observadores <strong>de</strong> esquerda, sob a hipótese <strong>de</strong> que o recru<strong>de</strong>scimento da violência<br />

passa por uma questão social, e não uma questão cultural ou um caso <strong>de</strong> polícia.<br />

Desconsi<strong>de</strong>rando a crise <strong>de</strong> valores e a ineficiência das instituições policiais,<br />

penitenciárias e judiciárias, para eles, as causas da violência estão sobremaneira<br />

ligadas a fatores econômicos e sociais, mais particularmente à pobreza. Enten<strong>de</strong>m<br />

ser esta análise a única verda<strong>de</strong>iramente prospectiva, cirúrgica, voltada à raiz dos<br />

problemas, embora um certo radicalismo os impeça <strong>de</strong> admitir que:<br />

1) Não se po<strong>de</strong> negligenciar disparida<strong>de</strong>s socioeconômicas fora do contexto<br />

<strong>de</strong> uma matriz <strong>de</strong> valores culturais historicamente mutável. Caso contrário, a<br />

pobreza levaria incontinenti à criminalida<strong>de</strong> violenta, não fossem as mediações<br />

culturais, o que não significa negar, por outro lado, que privação nada tem a ver com<br />

violência;<br />

2) Não se po<strong>de</strong> negligenciar o corolário dos institucionalistas, como se fosse<br />

prescindível pensar em estratégias <strong>de</strong> renovação e melhoria da ação policial e da<br />

segurança pública.<br />

Sob um i<strong>de</strong>ário redistributivista mais radical, pragmática e realisticamente<br />

falando, é impossível prever efeitos positivos <strong>de</strong>correntes apenas <strong>de</strong> políticas<br />

públicas <strong>de</strong> amplo espectro ou largo alcance, voltada apenas a reduzir ou erradicar a<br />

pobreza. De um lado, ainda que consistente e robustamente implementadas, seus<br />

efeitos só se fariam sentir mais a longo prazo. De outro, por mais bem pensada ou<br />

planejada, resultam insensatas se <strong>de</strong>la excluir estratégias <strong>de</strong> reforma e <strong>de</strong><br />

aprimoramento das instituições partícipes da problemática. Pesquisadores,<br />

formuladores <strong>de</strong> políticas públicas e administradores historicamente têm atestado o<br />

costume <strong>de</strong> projetá-las em compartimentos e abstrair seus objetos <strong>de</strong> ação <strong>de</strong> forma<br />

monocausal:<br />

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