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Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

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DROGA DE CENÁRIO SOCIAL E DA PROPAGANDA POLÍTICA OFICIAL – Capítulo 2<br />

A mesma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propagação <strong>de</strong> sua força e po<strong>de</strong>r tanto po<strong>de</strong> ser<br />

positivada, quando <strong>de</strong>sempenha a sua missão educativa; quanto po<strong>de</strong> ser<br />

negativada, quando esta força e po<strong>de</strong>r são cobiçados e cortejados para um <strong>de</strong>svio<br />

<strong>de</strong> finalida<strong>de</strong>, como um pólo naturalmente privilegiado <strong>de</strong> consumo e <strong>de</strong> distribuição<br />

da droga. Em outras palavras, a mesma gregária e centrífuga tanto faz das<br />

instituições educativas um fantástico palco privilegiado <strong>de</strong> acontecimento da<br />

produção cultural como faz <strong>de</strong>la chão e cenário vulnerável, também da coetânea<br />

sub-produção cultural <strong>de</strong> violência, vista como rejeito social mais fadado ao <strong>de</strong>scarte<br />

e menos tratado como disfunção própria da ca<strong>de</strong>ia produtiva.<br />

atuais.<br />

Eis o olhar que diferencia a abordagem e o tratamento da violência nos dias<br />

Ganha espaço hoje o olhar <strong>de</strong> disfunção social, objeto das pesquisas mais<br />

recentes sobre violência, fenômeno que vem chamando a atenção dos estudiosos,<br />

tamanho o seu crescimento em extensão e complexida<strong>de</strong>, sob o olhar naturalizado,<br />

até então reinante, olhar este que, intencional ou inintencionalmente ao tratar a<br />

violência como contingência natural da vida coetânea da população pobre, mantém<br />

intactas as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r existente entre as classes.<br />

É o olhar acostumado a ver a violência como qualquer outro rejeito social. E<br />

como todo rejeito, é fadado ao igual <strong>de</strong>stino dos <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>jetos, atirados sob o<br />

tapete, ali dormitando intacto, pela inconveniência ou <strong>de</strong>sinteresse social em<br />

levantá-lo. E como todo <strong>de</strong>jeto, o conhecido horizonte imediato é o <strong>de</strong>scarte expedito<br />

e sumário, por ser naturalmente característico das classes pobres incomodativas.<br />

É esse olhar <strong>de</strong> <strong>de</strong>jeto ordinário que sustenta o gigantismo do fantasma que<br />

ronda e ameaça os muros das instituições educativas, o calado crescimento da<br />

violência, secundarizada pelos estudiosos até há pouco crentes na visão <strong>de</strong><br />

excremento natural da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social. Hoje, <strong>de</strong>spertados pelos níveis<br />

avassaladores, felizmente não são poucos a abraçar a causa estrutural, não como<br />

contingenciamento da pobreza, mas como um fenômeno <strong>de</strong>corrente das perversas<br />

relações históricas <strong>de</strong> produção, <strong>de</strong> cujo bojo a seletivida<strong>de</strong> social é sempre<br />

en<strong>de</strong>reçada na <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> produzida, o que leva a merecer espaço as políticas<br />

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