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Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

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DROGA DE DISCURSEIRA POLÍTICO-EDUCACIONAL – Capítulo 4<br />

Assim [posto], do mesmo modo que os assuntos públicos não <strong>de</strong>vem<br />

interferir na livre iniciativa <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> lucro e na escolha <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino, religiosas e culturais – hoje também pertencentes<br />

à esfera do mercado -, a política também <strong>de</strong>ve se afastar dos <strong>de</strong>sejos,<br />

vonta<strong>de</strong>s e inclinações íntimas dos indivíduos (i<strong>de</strong>m, grifo nosso p.60)<br />

É <strong>de</strong>snecessário lembrar o quanto este último aspecto se traduziu, no<br />

avassalador e assustador liberalismo egoísta que se vê, na contemporaneida<strong>de</strong>,<br />

bem alojado e radicalizado no elogio da intimida<strong>de</strong>, na irredutibilida<strong>de</strong> da<br />

individualida<strong>de</strong>, na exibição do próprio corpo, na busca fugaz e <strong>de</strong>senfreada <strong>de</strong><br />

prazeres cujos <strong>de</strong>sejos incitados são sempre artificial e artificialmente adiados no<br />

sentido <strong>de</strong> mantê-los eternamente insatisfeitos e fazê-los motores explosivos <strong>de</strong><br />

novas e subseqüentes <strong>de</strong>mandas, tudo isso ativado e potencializado pelo consumo<br />

da droga no microcosmo dos bailes funk.<br />

Entre as práticas e a sociabilida<strong>de</strong> da violência criminal, o narcotráfico, por<br />

sua vez, pelos <strong>de</strong>sdobramentos dos dramas sociais que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia, repercute<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente no exponencial crescimento dos homicídios e das ocorrências do<br />

crime organizado, entre eles, os roubos, os assaltos e os seqüestros. Não se ignora<br />

o gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> mortes, em virtu<strong>de</strong> das disputas <strong>de</strong> quadrilhas rivais pelo<br />

controle do território on<strong>de</strong> circula a venda da droga e o lucro do comércio ilegal. De<br />

igual maneira, não é <strong>de</strong> causar espanto a constatação <strong>de</strong> que o crescimento do<br />

crime organizado se atribui à <strong>de</strong>sagregação dos tradicionais mecanismos <strong>de</strong><br />

socialização como a família, a escola e os centros <strong>de</strong> assistência social. Em outras<br />

palavras, o crime busca arregimentar seu contingente justamente on<strong>de</strong> fracassam ou<br />

se omitem no seu papel esses laços básicos <strong>de</strong> pertencimento social. Nessa crise <strong>de</strong><br />

época vivida pelas agências <strong>de</strong> socialização, o narcotráfico seduz e atrai não como<br />

uma promessa <strong>de</strong> transformação <strong>de</strong>sse quadro injusto e moralmente <strong>de</strong>gradante,<br />

mas como um convite ao dinheiro fácil, aos prazeres da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo<br />

compráveis e à aspiração <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> masculina, viril e po<strong>de</strong>rosa bastante<br />

cultivada, cortejada e invejada no mundo da droga.<br />

Conforme acentua Côrtes (2003):<br />

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