03.06.2013 Views

Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

DROGA DA VIOLÊNCIA FORMIDÁVEL – Capítulo 3<br />

atenção para a apresentação da violência como um fato cotidiano, fait divers, uma<br />

produção imagética mais conveniente e fácil aos po<strong>de</strong>res judiciário, executivo e<br />

legislativo que se (pre)ocupam mais com seus efeitos e repercussões do que com<br />

suas causas sociais e culturais, assumindo responsabilida<strong>de</strong>s pelo controle (p.340).<br />

Mais recentemente, no entanto, a violência vem ganhando espaço como uma nova<br />

temática <strong>de</strong> estudos e pesquisas das Ciências Sociais, bem como ganhando<br />

afirmação como conhecimento aplicado da Sociologia, o que, em contrapartida,<br />

concorre para contrapartida, <strong>de</strong> resgate <strong>de</strong> superação da abordagem conservadora<br />

porque, afinal, passa a ser consi<strong>de</strong>rada como manifestação <strong>de</strong> anomia social, e<br />

projetada como parte das abordagens das relações sociais num campo <strong>de</strong> conflitos<br />

e <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s (i<strong>de</strong>m,i<strong>de</strong>m).<br />

Não se ignora o dolo físico, moral, simbólico e/ou psíquico da violência ao<br />

remetê-la a uma instância inegociável ‘vis a vis’ do outro envolvido em relações<br />

sociais que se operam num campo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r dinamizado por conflitos. Sob essa<br />

ótica, a violência é inescapavelmente política e perpassa o social.<br />

Embora ubíqua e indistinta, seus efeitos e reações são diferenciados segundo<br />

o lugar social, legitimando convenientemente a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>sigual. Excluídas e<br />

subordinadas, as classes subalternas não apenas a incorporam, mas a aceitam<br />

como coetânea e inerente à sua condição. Acostumadas que estão a enfrentar um<br />

Estado a elas apresentado como repressor, são levadas a conformarem-se com a<br />

cidadania em débito e induzidas a coonestar a própria imagem <strong>de</strong> in<strong>de</strong>sejadas,como<br />

sendo carentes <strong>de</strong> correição e <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> repressão. Essa é a imagem que a<br />

obrigação social preventiva cuida <strong>de</strong> perpetuar para justificar sua omissão. É a forma<br />

<strong>de</strong> manter calada a dívida social, aproveitando-se da inércia ou da incapacida<strong>de</strong> do<br />

pensamento acadêmico <strong>de</strong> agilizar e incluir, mais amiú<strong>de</strong>, no miolo da produção<br />

teórica, discussões <strong>de</strong> fundo da conflitualida<strong>de</strong> social da droga no campo<br />

sociológico, político, antropológico, jurídico, psicológico, educacional e outros.<br />

123

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!