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Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

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DROGA DA VIOLÊNCIA FORMIDÁVEL – Capítulo 3<br />

prefeituras possam variar <strong>de</strong> um lugar para outro, em face <strong>de</strong> possíveis arranjos<br />

econômicos, culturais e políticos e muitas vezes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes dos tipos <strong>de</strong> atores<br />

envolvidos e da cultura política local, apesar da ordinária adoção <strong>de</strong> um receituário<br />

comum <strong>de</strong> instrumentos político-administrativos, jurídicos, urbanísticos etc,<br />

traduzidos em orçamentos participativos, consultas populares, parcerias locais e<br />

outros.<br />

Nem sempre pacíficas e convergentes, a articulação <strong>de</strong> cultura autoritária e<br />

cultura <strong>de</strong>mocrática, remete a análises mais complexas e abrangentes do que o<br />

nível político-administrativo das práticas <strong>de</strong> gestão. Nelas não po<strong>de</strong> faltar uma<br />

abordagem multiescópica do local, como requisito básico <strong>de</strong> programa <strong>de</strong> pesquisa<br />

multidisciplinar, que contemple uma ampla varredura das dimensões espaciais e<br />

temporais, bem como o estudo das formas <strong>de</strong> dominação e dos arquétipos culturais,<br />

todos em movimento recorrente <strong>de</strong> simultaneida<strong>de</strong> e imbricações.<br />

Ainda assim, não se consegue avaliar <strong>de</strong> pronto o que sublinha Castel (2000),<br />

– as verda<strong>de</strong>iras questões dissimuladas atrás das atuais críticas ao Estado social,<br />

em particular em sua versão neoliberal (p.32).<br />

Não é apenas financeira a questão dos custos proibitivos ditos<br />

obstaculizadores ao livre trânsito do mercado. Trata-se da função essencialmente<br />

política do Estado social, inscrita no cerne das regulamentações sociais para garantir<br />

sua coesão. Uma das regulamentações instituídas é o conjunto dos dispositivos<br />

montados para dominar a permanente insegurança (p.32). Um dos braços <strong>de</strong>ssa<br />

junção política é o plano <strong>de</strong> governabilida<strong>de</strong> criado justamente para garantir a<br />

passagem da socieda<strong>de</strong> industrial para uma socieda<strong>de</strong> salarial, em que não é obra<br />

do acaso, mas intencional e própria do novo modulo instituído, a gestão da<br />

conflitualida<strong>de</strong> social pela negociação entre parceiros sociais, como um traço<br />

permanente, pois em si mesma é conflitual. (p.33).<br />

Por sua natureza imanentemente conflituosa, essa função <strong>de</strong> negociação<br />

acaba ameaçada, em virtu<strong>de</strong> das pressões <strong>de</strong> <strong>de</strong>sregulamentação pela organização<br />

do trabalho, o que obriga a socieda<strong>de</strong> manter fortes relações <strong>de</strong> inter<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong><br />

seus membros, conclamando-os à colaboração mútua, solidária, ao voluntariado<br />

gratuito. Resgatando o neologismo durkheimiano <strong>de</strong> anomia, corre-se, aí, o risco,<br />

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