Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ
Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ
Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
DROGA DE DISCURSEIRA POLÍTICO-EDUCACIONAL – Capítulo 4<br />
procedências e os típicos enfrentamentos <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>correntes da migração,<br />
como adaptação, convivência, preservação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e outras tantas, não<br />
diferentes em seu cerne, pelo <strong>de</strong>sígnio que iguala todos os migrantes, das camadas<br />
carentes a<strong>de</strong>nsadas na periferia, nas favelas, nos bairros pobres, todas elas, <strong>de</strong> um<br />
modo ou <strong>de</strong> outro, conclamados aos benefícios do clichê comunitário.<br />
<strong>Da</strong>do ao isolamento <strong>de</strong>ssas áreas, tidas como bolsões <strong>de</strong> modus vivendi dos<br />
migrantes <strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong> recursos econômicos, elas se tornaram objeto <strong>de</strong> estudo,<br />
entre outros, o fenômeno da <strong>de</strong>sintegração social aí presente, sob uma ótica comum<br />
– a diferença, sob o suposto <strong>de</strong> que o <strong>de</strong>sviante é essencialmente percebido e<br />
representado como sendo diferente do grupo social, <strong>de</strong>staca Lima (2001).<br />
As teses interacionistas, posteriormente rompidas com abordagens<br />
<strong>de</strong>stinadas a explicar as causas dos <strong>de</strong>svios, passaram a centrar-se, a partir dos<br />
anos 20, na dinâmica dos atos sociais, ou troca entre as pessoas e interações (I<strong>de</strong>m,<br />
p.188). Hoje <strong>de</strong>sprivilegiando as causas do <strong>de</strong>svio, está ela mais focada no<br />
fenômeno da construção das interações sociais.<br />
O lastro científico da interculturalida<strong>de</strong> esperada no apelo à organização<br />
comunitária não apenas colabora com a apropriação pelas populações viventes em<br />
situações equânimes, <strong>de</strong> parâmetros universais <strong>de</strong> conhecimento sobre a sua<br />
realida<strong>de</strong>; como, também, ajuda a inibir a manipulação <strong>de</strong>sse contingente em busca<br />
<strong>de</strong> autonomia no processo auto-organizativo <strong>de</strong> sua comunida<strong>de</strong> local.<br />
Dentre as três vertentes teóricas, apontadas pela autora, explicativas das<br />
causas do <strong>de</strong>svio – funcionalismo, a anomia e o culturalismo -, a vertente teórica da<br />
anomia traz boa água ao moinho das chamadas rupturas parciais da solidarieda<strong>de</strong><br />
orgânica, <strong>de</strong>fendidas no pensamento durkheimiano. Utilizado por vários sociólogos,<br />
o conceito <strong>de</strong> anomia tanto é invocado para traduzir mais precisamente a vaga<br />
noção <strong>de</strong> <strong>de</strong>sregramento social, quanto é tomado para mais amplamente significar<br />
ausência <strong>de</strong> organização natural ou legal. Seja ela mais restrita ou mais abrangente,<br />
não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> trazer valiosos subsídios ao regramento social e legal requerido por<br />
uma organização comunitária que se queira autônoma e soberana em suas <strong>de</strong>cisões<br />
locais referenciadas em similares universais. Deixando <strong>de</strong> ser apanágio <strong>de</strong><br />
intelectuais, a anomia é trazida ao alcance da rotina comunitária, na luta pelo oposto<br />
145