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Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

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DROGA DE CENÁRIO SOCIAL E DA PROPAGANDA POLÍTICA OFICIAL – Capítulo 2<br />

exemplo, o bom jogador <strong>de</strong> futebol, o bom pai <strong>de</strong> família, o trabalhador habilidoso e<br />

responsável e, com isso, há um <strong>de</strong>sastroso empobrecimento <strong>de</strong> sua vida social.<br />

O po<strong>de</strong>r do bandido armado e montado na grana é incontestável, pois essa<br />

figura ostenta atributos que não admitem oposição – a arma na cintura -, bem como<br />

os objetos mais cobiçados do consumismo atual – o carro do ano, jóias, as roupas<br />

<strong>de</strong> grife, o cigarro que ajuda a construir a pose.<br />

É verda<strong>de</strong> que, mesmo para os que se <strong>de</strong>ixam atrair pelo po<strong>de</strong>r das<br />

quadrilhas, as ilusões <strong>de</strong>ste mundo <strong>de</strong> ações con<strong>de</strong>náveis vão se <strong>de</strong>sfazendo à<br />

medida em que eles amadurecem e percebem, às vezes, tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais, que<br />

a<strong>de</strong>riram a um estilo <strong>de</strong> vida criminoso, que os põe cotidianamente em contato com<br />

a morte, com a guerra.<br />

Após a gradual conversão aos valores da violência e da nova organização<br />

criminosa que faz uso constante <strong>de</strong> arma <strong>de</strong> fogo, os jovens <strong>de</strong>scobrem os prazeres<br />

da vida <strong>de</strong> rico e com estes se i<strong>de</strong>ntificam. Acostumando-se ao luxo: muita roupa,<br />

carros, mulheres, uísque e muita cocaína também, aos poucos, <strong>de</strong>scobrem que são<br />

vítimas <strong>de</strong> um circuito perverso: seu consumo excessivo os <strong>de</strong>ixa sempre <strong>de</strong> bolso<br />

vazio; a arma <strong>de</strong> fogo, que <strong>de</strong>ixa viver por instantes um po<strong>de</strong>r absoluto, fugaz sobre<br />

suas vítimas, o crime os coloca em situação <strong>de</strong> impotência na mesma posição diante<br />

dos quadrilheiros e policiais armados e da ca<strong>de</strong>ia que os espera. Certeza para eles<br />

é só a morte precoce, quando não invariavelmente acontece, são presos e<br />

engaiolados nos horrores do sistema prisional brasileiro.<br />

No cenário mais glamourizado da vulnerabilida<strong>de</strong> dos jovens, a atração maior<br />

manifestada por eles é o embalo, os bailes “funk”.<br />

A freqüência aos bailes começa cedo, às vezes aos <strong>de</strong>z, onze ou doze anos<br />

e, entre os que são impedidos pelas famílias <strong>de</strong> comparecer, mesmo às matinês, por<br />

limitação da ida<strong>de</strong>, é avidamente esperado o dia <strong>de</strong> estréia nos mesmos, como um<br />

objetivo maior <strong>de</strong> vida. Muitos afirmam não po<strong>de</strong>r viver sem eles, que o baile é<br />

minha vida ou que quando não vou ao baile, eu fico até doente.<br />

Os salões <strong>de</strong> dança ganham projeção a partir da década <strong>de</strong> 1970, nos<br />

gran<strong>de</strong>s centros urbanos. Nas favelas, esses salões <strong>de</strong>ram lugar às discotecas, às<br />

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