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Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

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DROGA DE CENÁRIO SOCIAL E DA PROPAGANDA POLÍTICA OFICIAL – Capítulo 2<br />

danceterias, aos clubes ou locais outros <strong>de</strong> realização dos bailes funk, dos shows<br />

punk, dos shows dos metaleiros, entre outros.<br />

O baile funk, hoje característico do subúrbio, é freqüentado sobretudo por<br />

jovens favelados e negros. O início do movimento funk no Brasil se relaciona com o<br />

movimento negro norte – americano dos anos 1960 e 1970.<br />

Aos poucos, a violência na cida<strong>de</strong> passou a ser i<strong>de</strong>ntificada aos bailes funk e<br />

aos funkeiros. Os bailes funk foram sendo direcionados a outros aspectos e passam<br />

a ser caracterizados por oposições construídas em torno da questão das brigas, das<br />

mortes, da presença dos bandidinhos e das galeras. As brigas, no entanto, ocorrem<br />

e principalmente fora dos bailes, nas saídas dos clubes, on<strong>de</strong> grupos se <strong>de</strong>dicam a<br />

quebrar o que encontram pela frente, nos quebra-quebras <strong>de</strong> ônibus tomados <strong>de</strong><br />

assalto, nos conflitos rivais que buscam dar continuida<strong>de</strong> à guerra iniciada nos<br />

clubes, em meio à confusão <strong>de</strong> fato criada para seus acertos <strong>de</strong> conta.<br />

O aparecimento dos bailes com confronto <strong>de</strong> galeras marca também uma<br />

ruptura com um padrão menos violento que prevalecia nos primeiros bailes funk<br />

realizados na cida<strong>de</strong> e ainda hoje encontrados nos chamados bailes charme, um<br />

outro protagonismo <strong>de</strong> encontro festivo da juventu<strong>de</strong> suburbana.<br />

Os bailes violentos ocorrem, não raro, em longínquos subúrbios ou em<br />

quadras esportivas, on<strong>de</strong> se ven<strong>de</strong>m bebidas alcoólicas inclusive até a menores <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong> e on<strong>de</strong> não é incomum o consumo livre <strong>de</strong> cocaína e maconha livremente,<br />

consi<strong>de</strong>rando-se que, geralmente, aí há ausência <strong>de</strong> policiamento e <strong>de</strong> fiscalização.<br />

Naquilo que se torna campo fértil para uma gigantesca arena <strong>de</strong> combate, nesses<br />

lugares uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupos rivais começaram a se estranhar e a se atacar,<br />

grupos esses que são separados, na verda<strong>de</strong>, por uma linha virtual, imaginária,<br />

guardada por homens ferozes e musculosos, chamados <strong>de</strong> seguranças, a rigor<br />

milícias locais também divididas.<br />

O simbolismo da guerra também é observado no repertório musical que<br />

executam. São vozes, gritos, onomatopéias <strong>de</strong> tiros e metralhadoras que evocam<br />

bordões provocadores <strong>de</strong> masculinida<strong>de</strong> e até <strong>de</strong> apologia ao crime e <strong>de</strong> abusos<br />

sexuais, <strong>de</strong> baile com emoção, não somente com a mistura <strong>de</strong> bebidas, mas com o<br />

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