Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ
Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ
Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
DROGA DE DISCURSEIRA POLÍTICO-EDUCACIONAL – Capítulo 4<br />
A frustração po<strong>de</strong> ser uma face perversa, no momento em que, em lugar das<br />
esperadas respostas consonantes com esse imaginário <strong>de</strong> positivida<strong>de</strong>s, ela se<br />
revele incapaz <strong>de</strong> lidar com novos valores e novas idéias que surgem no compasso<br />
das constantes transformações sociais. Melhor dizendo, que não seja, na prática,<br />
...capaz <strong>de</strong> propor ações concretas na resolução dos conflitos que se dão<br />
no seu ambiente – os quais refletem problemas internos e externos a ela,<br />
tais como a presença, a venda e o consumo <strong>de</strong> drogas (p.326)<br />
Não é tarefa difícil saber as causas recorrentes <strong>de</strong>ssa incapacida<strong>de</strong>. Por<br />
refletir a socieda<strong>de</strong> e os fenômenos a ela exteriores, por acolher e reforçar<br />
<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais, por abrigar um <strong>de</strong>scompasso entre os mecanismos <strong>de</strong><br />
acesso e <strong>de</strong> permanência; por não conseguir fornecer aos jovens a bagagem<br />
necessária à sua inserção no mercado <strong>de</strong> trabalho; por não prover ensino <strong>de</strong><br />
qualida<strong>de</strong>; por falhar nas suas relações internas que transcen<strong>de</strong>m à simples relação<br />
pedagógica, no seu comprometimento com projetos <strong>de</strong> vida e com aspirações mais<br />
amplas <strong>de</strong> seus atores; por viver contingenciada à sorte <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> e<br />
<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r interesseiros, utilitaristas, político-partidários, corruptos etc; por ser<br />
vitimada pelas não-políticas, pelas políticas equivocadas e, o que é pior, pelas<br />
imaginadas conseqüências das anti-políticas, bastante previsíveis pela proporção<br />
invisível e inquantificável <strong>de</strong> estragos tamanhos que estatística alguma dá conta <strong>de</strong><br />
aquilatar, a escola, acima <strong>de</strong> tudo e, a priori, lida com mentes em formação, cujos<br />
<strong>de</strong>svios <strong>de</strong> percurso são vulneravelmente certos, mas <strong>de</strong> correção sabidamente<br />
incerta, se e quando constatáveis.<br />
O que se vê pela frente é um longo caminho entre o enfrentamento possível e<br />
a realida<strong>de</strong> fática – como aponta Gonçalves (2004, p. 101)<br />
...bombar<strong>de</strong>ados pelas novida<strong>de</strong>s produzidas pelos estilos juvenis<br />
globalizados (música, moda, lazer e entretenimento) e assediados pelo<br />
crime organizado, os jovens pobres [à espera das políticas <strong>de</strong> inclusão]<br />
passaram a ser o grupo mais atingido por essa situação <strong>de</strong> intensa<br />
vulnerabilida<strong>de</strong>...<br />
142