Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

DROGA DA VIOLÊNCIA FORMIDÁVEL – Capítulo 3
periciais. Dos livros de registros são possíveis análises prospectivas da situação da
perícia de determinados locais, por demanda de ocorrência com indicação de
delegacias, dias da semana e meses, o que pode suscitar o delineamento de
particulares padrões de interesse criminalístico por região, pela natural associação
dos principais tipos de delito com peculiares características locais. O acervo
informacional, devidamente levantado, garante a positividade imediata para a
instituição policial, com a otimização de recursos materiais e humanos e a melhoria
da capacidade investigativa, em convergência com apuração da rotina e da
qualidade do trabalho destes profissionais, ora conhecidamente expostos a fortes
desgastes físicos e emocionais no âmbito da sociedade mais ampla. Quanto mais
apurada e diversificada for a informação, maior será a eficácia do controle da
geração, disseminação e qualidade desses dados, estratégia esta, entre outras mais
recentemente propugnadas, como sendo vital para a redução das estatísticas sobre
a violência. Uma vez sendo assegurada a transferência, e democratizada a
informação, a sociedade passa a ser instada a se acercar dos fatores endógenos e a
colaborar para a solução do problema, pela via da chamada responsabilidade
compartilhada, a começar pela recíproca fundamentação de políticas de prevenção
e combate ao crime e à violência.
No ato do compartilhamento da responsabilidade, a comunidade, ao mesmo
tempo em que exerce o controle social, concorre para a divulgação da informação e
a transferência das ações, passa a perceber a importância do trabalho da perícia
criminal, bem como tende a valorizar e incentivar a melhoria desse serviço. A
qualidade da capacidade investigativa municia a formulação de políticas de
prevenção e combate a criminalidade local.
Juntas, polícia e comunidade, estariam buscando superar, na base, um
entrave crônico à eficiência dessas políticas de segurança – a desvalorização, talvez
pelo descrédito, dos sistemas de informação policial.
Cogita-se que a desvalorização cultural possa estar vinculada a um
dispositivo de poder, requerendo-se análise do fenômeno sob a ótica de uma
microfísica da violência, tal como o empreende Foucault na obra Microfísica do
Poder. Não se descarta um estudo de violência aparentado à natureza das relações
de poder tradicionalmente instituídas no País, o que não deixaria de trazer luz ao
114