Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ
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A DROGA DO APELO À PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA – Capítulo 5<br />
o domínio público, portanto, encontra-se sob forte pressão: <strong>de</strong> um lado, o<br />
discurso pseudomo<strong>de</strong>rnizador do governo, prometendo modificações<br />
radicais na estrutura, como se o problema fosse restrito apenas ao<br />
organograma; <strong>de</strong> outro, o mercado, entendido como a pressão articulada <strong>de</strong><br />
grupos econômicos – regidos, por sua vez, por uma lógica globalizante -,<br />
pressionando as instituições públicas para a modificação <strong>de</strong> suas práticas<br />
em função <strong>de</strong> uma “integração da qual poucos sujeitos parecem participar ...<br />
(I<strong>de</strong>m,p. 63).<br />
Não faltam, também, as positivida<strong>de</strong>s divulgadas ao cidadão para tornar<br />
palatável essa política <strong>de</strong> repasse, como se fosse um “presente”:<br />
assim, a autonomia, ou <strong>de</strong>legação <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>... significa incentivar e<br />
recompensar os servidores por seus esforços, imaginação e iniciativas<br />
extras (p. 64).<br />
Essa crítica não significa, no entanto, louvação ao antigo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Estado<br />
burocrático, reconhecidamente inoperante e paquidérmico, pelas mazelas e<br />
heranças sombrias que colecionou ao longo da história, das quais não fogem à regra<br />
muitos formuladores <strong>de</strong> políticas e muitos gestores <strong>de</strong> plantão. Po<strong>de</strong>r-se-ia mesmo<br />
admitir que um comportamento <strong>de</strong> sucesso, ou <strong>de</strong> sobrevivência pessoal no setor<br />
público, tem pouco a ver com atributos como vonta<strong>de</strong> e coragem políticas e<br />
competência técnica.<br />
Por outro lado, não se sabe até que ponto consegue afirmar seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />
especialista no gerenciamento das torneiras financeiras e políticas mantidas sob<br />
sem-cerimonioso humor do po<strong>de</strong>r econômico, como adverte Demo (2000)<br />
a rota <strong>de</strong> emancipação como processo <strong>de</strong> conquista política vai ce<strong>de</strong>ndo a<br />
uma política <strong>de</strong> benefícios sociais, cada vez mais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> um<br />
mercado propício. Advinda a crise, entretanto a providência fundamental<br />
que o capitalismo sempre toma é a recolocação da centralida<strong>de</strong> do<br />
mercado, passando a cortar as subvenções sociais (I<strong>de</strong>m, p. 13).<br />
A ótica do lucro e do investimento sempre se sobrepõe, o faz da política<br />
social, como regra, uma tática <strong>de</strong> “ajeitamento” dos problemas, jamais <strong>de</strong><br />
solução mais profunda (I<strong>de</strong>m,p. 14).<br />
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