Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ
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DROGA DE CENÁRIO SOCIAL E DA PROPAGANDA POLÍTICA OFICIAL – Capítulo 2<br />
coquetel <strong>de</strong> negócio <strong>de</strong> rixa são os combustíveis certos nos torneios, com prêmios<br />
em dinheiro e outras vantagens para os grupos mais atuantes nesses bailes, como<br />
que para acionar ainda mais a tensão.<br />
Na sociabilida<strong>de</strong> das galeras funk, o aspecto da agressão sempre se<br />
manifesta, e a violência <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia graves conflitos seguidos <strong>de</strong> morte, <strong>de</strong>ntro ou<br />
mesmo fora daquele ambiente. Para os grupos juvenis, a briga no baile é diversão,<br />
uma ocasião <strong>de</strong> botar para fora um aborrecimento ou uma revolta, ou é usado para<br />
tirar diferenças com algum <strong>de</strong>safeto. A briga dá po<strong>de</strong>r, gera admiração por suas<br />
façanhas, garante a reificação <strong>de</strong> ídolos e propicia o estabelecimento <strong>de</strong> uma<br />
hierarquia <strong>de</strong> prestígio, em que alguns <strong>de</strong>les ganham notorieda<strong>de</strong> em vários clubes<br />
da cida<strong>de</strong>, aspiram à li<strong>de</strong>rança nos bailes violentos, pois isto representa um modo<br />
simbólico <strong>de</strong> lidar com o assunto da masculinida<strong>de</strong> e elaborá-la. É muito evocada a<br />
arte, noção <strong>de</strong> ter disposição ao lado <strong>de</strong> outros atributos <strong>de</strong> masculinida<strong>de</strong> entre os<br />
integrantes da galera. Nas lutas corpo a corpo é <strong>de</strong>finida a hierarquização do po<strong>de</strong>r<br />
pela masculinida<strong>de</strong> exibida.<br />
Pilhas fracas e bichas, por exemplo, são intitulações hostis dadas aos que, no<br />
enfrentamento, tomam prejuízos. Ter moral é a condição mais ambicionada pelos<br />
homens. O termo polícia é mais aplicado ao uso externo, isto é, no contato com<br />
autorida<strong>de</strong>s governamentais. É pouco pronunciado nas interações cotidianas, pois<br />
implica <strong>de</strong>sarticular a construção local e invocar uma oposição externa da oposição<br />
que é a polícia versus traficantes.<br />
A emoção do risco e a disposição para o perigo são componentes apreciados<br />
na vida social dos integrantes das galeras. As agressões sofridas nos bailes <strong>de</strong>ixam<br />
ferimentos e cicatrizes, mas não <strong>de</strong>sestimulam a ida ao corredor. A briga é cabeça,<br />
expressão inúmeras vezes repetida pelos rapazes que autoproclamam disposição.<br />
Se a briga está na cabeça, na luta pela cabeça do po<strong>de</strong>r, ela paga o sacrifício do<br />
corpo, suplanta a eventual dor física, na disputa pelo prêmio da disposição, um valor<br />
caro aos jovens. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resistir à dor é um fator <strong>de</strong>cisivo na construção<br />
<strong>de</strong>sse valor corporal e da masculinida<strong>de</strong> como se houvesse um cultivo macabro do<br />
gosto pelo risco e pelo perigo, que tanto os aproxima quanto os distancia da morte,<br />
no momento da aventura embalada pela droga.<br />
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