03.06.2013 Views

Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

DROGA DE CENÁRIO SOCIAL E DA PROPAGANDA POLÍTICA OFICIAL – Capítulo 2<br />

consi<strong>de</strong>ração e, <strong>de</strong> certo modo, estampa um dos aspectos mais marcantes da<br />

convivialida<strong>de</strong> tensa entre esses grupos: o jogo e a rixa violenta.<br />

A violência urbana era apresentada na mídia como resultado apenas da ação<br />

<strong>de</strong> pequenos e médios <strong>de</strong>linqüentes que habitavam as regiões mais pobres e as<br />

favelas da cida<strong>de</strong>. Não se fazia a conexão <strong>de</strong>ste inusitado crescimento da violência<br />

entre os jovens pobres com as profundas transformações nas formas <strong>de</strong><br />

criminalida<strong>de</strong> que se organizaram em torno do tráfico <strong>de</strong> drogas, em especial da<br />

cocaína, e do contrabando <strong>de</strong> armas, dois negócios extremamente lucrativos que<br />

passaram a mobilizar as várias máfias transnacionais com seus agentes<br />

pertencentes a classes sociais superiores.<br />

Havia uma recusa em aceitar que novas formas <strong>de</strong> associação entre<br />

criminosos tivessem mudado o cenário não só da criminalida<strong>de</strong>, como também o da<br />

economia e o da política no país. Começou a haver, então, nos bairros pobres, um<br />

<strong>de</strong>smantelamento daquilo que havia <strong>de</strong> rica vida associativa e a espalhar-se entre<br />

alguns jovens um ethos guerreiro que os tornou insensíveis ao sofrimento alheio,<br />

orgulhosos <strong>de</strong> infligirem violações ao corpo <strong>de</strong> seus rivais, negros, pardos e pobres<br />

como eles, agora vistos como inimigos mortais a serem <strong>de</strong>struídos numa guerra sem<br />

fim.<br />

E assim foi abalada a civilida<strong>de</strong> dos moradores do Rio <strong>de</strong> Janeiro, que tem<br />

sido construída ao longo <strong>de</strong> décadas, principalmente pelos seus artistas populares,<br />

os sambistas.<br />

Ocorreram, no Brasil, tentativas bairristas <strong>de</strong> explicar o crescimento da<br />

violência como resultado da cultura carioca baseada na malandragem, e por<br />

extensão, nos favelados – negros, pardos e brancos pobres – da cida<strong>de</strong>. São os<br />

bandidos pobres e pouco importantes que sempre pagaram na prisão os crimes dos<br />

ricos mantidos impunes.<br />

Noticia Zaluar (2006) que, em Nova York, foi adotada uma estratégia voltada<br />

para a <strong>de</strong>scoberta dos hot points (pontos quentes), lugares nos quais a violência<br />

está mais concentrada, e enchê-los <strong>de</strong> policiais para investigar a ação dos<br />

criminosos. Destaca, a título <strong>de</strong> exemplo, que o crime <strong>de</strong> homicídio quase não é<br />

46

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!