Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ
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DROGA DA VIOLÊNCIA FORMIDÁVEL – Capítulo 3<br />
numa condição lógica <strong>de</strong> anteparo ao fim do trabalho. A mente aí se articula no<br />
sentido <strong>de</strong> reor<strong>de</strong>nar a realida<strong>de</strong> e dar a ela o sentido <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>terminação: a<br />
absoluta posse do controle da mente que vai capturar toda a diversida<strong>de</strong> social. Em<br />
essência, a mente finge não registrar o conflito, bem vivo e presente no interior do<br />
sistema, e prossegue inabalável como se nada houvesse <strong>de</strong> errado, como se<br />
<strong>de</strong>stinada a construir um mundo ainda eficiente, controlado pela racionalida<strong>de</strong> das<br />
relações sociais.<br />
Eis a meta-realida<strong>de</strong> em curso, no mundo movido pela força reprodutora do<br />
capitalismo. E a mente, por sua vez, não conta com as forças da realida<strong>de</strong>, aquelas<br />
que haveriam <strong>de</strong> distribuir <strong>de</strong> fato as situações que fogem ao controle da ciranda<br />
capitalista. Este é o mecanismo das novas fontes <strong>de</strong> contradição, a sua produção<br />
cada vez mais perversa e opressiva - a <strong>de</strong>gradação social que, dia-a-dia, parece<br />
mais naturalizada. Vista como conseqüência natural, <strong>de</strong> um processo inexorável,<br />
nela não enxerga o lado subumano, aviltante, das condições sociais. Cada vez<br />
menos encontra-se mobilida<strong>de</strong> num mo<strong>de</strong>lo social cujas relações estão se<br />
<strong>de</strong>teriorando. A olhos vistos, essa realida<strong>de</strong> inva<strong>de</strong> todas as formas <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>,<br />
especialmente e <strong>de</strong> modo mais trágico as comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes (g.n). que<br />
giram em torno do núcleo <strong>de</strong> ferro do pós-capitalismo. (p.112).<br />
Como enten<strong>de</strong>r essas duas realida<strong>de</strong>s, a real propriamente dita e a meta-<br />
realida<strong>de</strong> como opositoras, como tese e antítese, como autofágicas? A questão é<br />
como superar a mercantilização generalizada, a começar pela mente, na missão <strong>de</strong><br />
dar um sentido simbólico a esse produto perverso, re-elaborando-se um diálogo<br />
entre as condições <strong>de</strong> existência, a necessida<strong>de</strong> coletiva e a mente. Insiste<br />
Mykonios (2005,p.115), que:<br />
... a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá encarar a tarefa árdua <strong>de</strong> reelaborar seus valores<br />
diante <strong>de</strong> um processo produtivo inexorável... Será provável que esse<br />
diálogo encontre inúmeros entraves, que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as relações sociais,<br />
passando por valores morais, pela tradição e pela necessida<strong>de</strong><br />
propriamente... sem contar os aspectos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento jurídico...e <strong>de</strong><br />
formas <strong>de</strong> entendimento quanto ao papel do Estado....<br />
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