Lorenzo Martins Pompilio Da Hora - Faculdade de Educação - UFRJ
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DROGA DE DISCURSEIRA POLÍTICO-EDUCACIONAL – Capítulo 4<br />
e pelos políticos locais. Menosprezada em suas reivindicações, dir-se-iam pré-<br />
políticas, <strong>de</strong> superação das restritas necessida<strong>de</strong>s básicas cotidianas, as<br />
comunida<strong>de</strong>s erguem a voz, ainda que ajudadas sob tortas batutas e compasso das<br />
quadrilhas <strong>de</strong> traficantes, contra essa invisibilida<strong>de</strong> que atormenta a indigência <strong>de</strong><br />
muitas aglomerações pobres guindadas à organização comunitária, como caminho<br />
viável à progressão do espaço pré-político para o cenário político por excelência, <strong>de</strong><br />
conquista <strong>de</strong> voz e voto nas ações que o po<strong>de</strong>r público porventura venha a lhes<br />
<strong>de</strong>stinar. A compaixão <strong>de</strong> fato, ao banir a benesse piedosa dos assistencialismos<br />
antipolíticos e trazer a conquista reivindicatória junto ao governo local, elimina a<br />
distância necessária ao relacionamento público entre os sujeitos sociais quando se<br />
comunicam pela mediação do discurso argumentativo e da ação política.<br />
É sombrio ver ações teimosas em contrário, como pontua Côrtez (2003),<br />
do mesmo modo que os homens do Sertão eram incapazes <strong>de</strong> se<br />
engajarem num projeto coletivo <strong>de</strong> transformação da socieda<strong>de</strong> e formação<br />
<strong>de</strong> uma pólis, ficando a revolta, sempre episódica, reduzida a uma<br />
dimensão puramente subjetiva da questão em jogo no momento. Assim, os<br />
jovens ingressantes na guerra do tráfico não se alinham, <strong>de</strong> forma<br />
coletiva, em alguma perspectiva pública <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa e reação ao meio<br />
hostil.(i<strong>de</strong>m, grifo nosso, p.58)<br />
Sob a sedução do mito da glória e da quantia alta, fácil e rápida no bolso, e<br />
vicejando invisivelmente na ausência ou precarieda<strong>de</strong> da lei, aponta a autora,<br />
continuam vigorando as resoluções privadas e privatizadas numa espécie<br />
<strong>de</strong> ‘refeudalização’ dos conflitos, empreendida pela violência autônoma das<br />
quadrilhas.(i<strong>de</strong>m, i<strong>de</strong>m)<br />
O que se nota a olhos vistos é que violência criminal nas cida<strong>de</strong>s tem como<br />
novida<strong>de</strong> um dado supressivo <strong>de</strong> rompimento das relações <strong>de</strong> lealda<strong>de</strong> e<br />
<strong>de</strong>pendência, que ainda garantiam uma curta segurança e um tênue or<strong>de</strong>namento<br />
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