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memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

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Tinham dois consultórios, então eu usava esses consultórios<br />

como um pré-parto. e na cama lá <strong>de</strong>ntro.<br />

Agora, tanto em casa no postinho ou no hospital eu tinha a<br />

mesma opinião: podia an<strong>da</strong>r à vonta<strong>de</strong> porque não atrapalhava<br />

não, não atrapalha, é bom para elas. Quanto mais an<strong>da</strong>, quanto<br />

mais ela tem ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, mais <strong>de</strong>senvolve o parto, é melhor para<br />

elas. E só eu que fazia.partos aqui, fiz bem uns dois mil<br />

partos, por aí. Assim quem coman<strong>da</strong>va era eu, e homem fazendo<br />

parto nem pensar, eu não conheci nenhum parteiro, não fazia<br />

mesmo.<br />

Posso dizer com certeza que muita gente <strong>da</strong>qui nasceu pelas<br />

minhas mãos. O importante que eu acho e que me faz sentir<br />

muito bem, mas muito bem mesmo, é que nunca graças Deus,<br />

nunca, nunca, nunca, morreu uma mulher na minha mão! Quando eu<br />

via que o parto não era parto para mim, eu punha num carro, e<br />

levava para o hospital. Teve muito parto complicado que eu<br />

lutei com to<strong>da</strong>s as forças para salvar a mulher e o filho e<br />

graças a Deus conseguia. As complicações eram sempre<br />

hemorragia, menino atravessado, menino <strong>de</strong> ná<strong>de</strong>ga. Man<strong>da</strong>va para<br />

o hospital e muitas vezes ia junto, para Pirapora, levava para<br />

o hospital. Levava para o hospital porque a gente só po<strong>de</strong><br />

chegar até um <strong>de</strong>terminado limite: passou <strong>de</strong>sse limite entrega<br />

para quem tem condições <strong>de</strong> resolver, <strong>de</strong> fazer.<br />

Muito bom, muito bom! Nosso Deus, muito bom, muito bom<br />

mesmo. Todos os partos que eu fiz, tanto em casa como no<br />

postinho, essas mulheres nunca pagaram. Eu ganhava <strong>da</strong><br />

prefeitura no início e <strong>de</strong>pois passei a ser funcionária do<br />

Estado. Fora isso não tinha remuneração nenhuma. E tanto o que<br />

eu ganhava <strong>da</strong> prefeitura quanto do Estado era um salário muito<br />

baixo, era o salário mínimo. Então se fosse trabalhar só pelo<br />

dinheiro não valia a pena tanto sacrifício porque se ganhava<br />

muito pouco. Tive ganho <strong>de</strong> reconhecimento <strong>da</strong>s pessoas isso<br />

sim. Tive e tenho até hoje. Olha, pelo menos essas minhas<br />

candi<strong>da</strong>turas, foi uma conquista. Foi uma conquista <strong>de</strong>las,<br />

foram elas que me elegeram. É um reconhecimento do meu<br />

trabalho. Gratificante, gratificante, é reconhecimento do meu<br />

trabalho.<br />

Trabalho <strong>de</strong> parteira é importante <strong>de</strong>mais, coisa muito<br />

séria, muito importante para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>! Eu <strong>de</strong>ixei <strong>de</strong> fazer<br />

partos há dois anos <strong>de</strong>pois que eu adoeci, eu sofri <strong>de</strong>rrame,<br />

estive interna<strong>da</strong> em Montes Claros, durante quatro dias, em<br />

julho do ano passado. Então até o ano passado eu fazia parto.<br />

E faço a qualquer hora que aparecer, e só não faço atualmente<br />

porque eu não sei se é a secretária <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que tem medo, ou<br />

qualquer coisa assim, então não me <strong>de</strong>ixa mais fazer. Uma<br />

interferência <strong>da</strong> secretária <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, ela não quer que faça<br />

parto aqui. E outra coisa, a sala do hospital é miudinha, é<br />

muito pequena. A sala que tem lá só cabe mesmo a cama e um<br />

armário. A não ser que chegue já ganhando o neném, aí a gente<br />

faz o parto do contrário não. E outra coisa que eu acho, é que<br />

o médico tem eu não sei se é medo ou se é falta <strong>de</strong> confiança,<br />

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