13.06.2013 Views

memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

mu<strong>da</strong>nças têm ocorrido na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, mas ao mesmo tempo permanências são manti<strong>da</strong>s<br />

como se fossem naturais e imutáveis. Silva diz que:<br />

[...]a pesquisa feminista é, entre outras coisas, uma forma <strong>de</strong> atenção, uma lente que<br />

traz em foco questões particulares sobre como a centrali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero mol<strong>da</strong> nossa<br />

consciência, habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s e instituições, assim como a distribuição <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e<br />

privilégio (SILVA, 1999, p.108)<br />

Entendo que a pesquisa vista sob esta ótica <strong>de</strong>ve nortear as práticas que se propõem<br />

alternativas para que haja mu<strong>da</strong>nças na atenção <strong>da</strong><strong>da</strong> à mulher durante todo o período <strong>de</strong><br />

gravi<strong>de</strong>z, parto e puerpério, buscando superar os altos índices <strong>de</strong> morbimortali<strong>da</strong><strong>de</strong> materna e<br />

fetal, não apenas do ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong>s instituições e profissionais <strong>da</strong> área, mas principalmente<br />

a partir dos “<strong>de</strong>sejos” <strong>da</strong>s mulheres, <strong>da</strong>s suas expectativas, enfim <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s contradições que<br />

se evi<strong>de</strong>nciam entre sujeitos diversos nas relações <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>do durante o parto e nascimento. É<br />

pensar esses sujeitos para além <strong>da</strong> diferença sexual, e atentarmos para a plurali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sse<br />

sujeito através <strong>da</strong> manifestação e incorporação <strong>de</strong> significados culturais engendrados também<br />

a partir <strong>de</strong> classe e etnia.<br />

Compreen<strong>de</strong>ndo gênero a partir <strong>de</strong>ssa ótica, Diniz (1996) aponta quatro contribuições<br />

<strong>de</strong> uma reflexão feminista acerca <strong>da</strong>s questões relativas ao parto, <strong>da</strong>s quais eu aponto duas<br />

pela sua pertinência e a<strong>de</strong>rência a esse estudo. A primeira <strong>de</strong>las seria a “ênfase na crítica à<br />

compreensão naturaliza<strong>da</strong> <strong>da</strong> reprodução e <strong>da</strong> sexuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, trata<strong>da</strong>s como dimensões<br />

biológicas <strong>da</strong> esfera priva<strong>da</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> dos indivíduos, como se nessa cena não se inscrevessem<br />

relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, hierarquia, violência”. Mas a autora enfatiza que apesar <strong>da</strong> assimetria entre<br />

<strong>de</strong>siguais ain<strong>da</strong> assim há espaço <strong>de</strong> negociação. E esse espaço <strong>de</strong> negociação é conflituoso<br />

entre quem parteja, uma vez que as/os não médicas/os <strong>de</strong>dica<strong>da</strong>s/os ao cui<strong>da</strong>do durante o<br />

parto se subordinam ao saber médico tanto do ponto <strong>de</strong> vista técnico-científico, quanto do<br />

ponto <strong>de</strong> vista institucional. A segun<strong>da</strong> contribuição seria a problematização, pela reflexão<br />

feminista, <strong>da</strong> “patologização <strong>da</strong> reprodução” o que leva ao questionamento <strong>da</strong>s “bases<br />

históricas e políticas <strong>da</strong> concepção do feminino como fisiologicamente patológico”. Essas<br />

duas visões mu<strong>da</strong>ram todo o contexto do cui<strong>da</strong>do durante o parto quando saiu do espaço<br />

doméstico, <strong>da</strong>s mãos <strong>da</strong>s <strong>parteiras</strong> para o hospital, sob a ótica médico-científica.<br />

Faz-se necessário romper principalmente com a lógica hierarquizante e englobante <strong>da</strong><br />

ciência, permitindo através <strong>da</strong> pesquisa/cui<strong>da</strong>do uma reflexão <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as envolvi<strong>da</strong>s, no<br />

sentido <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r resgatar suas i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro do contexto <strong>da</strong> saú<strong>de</strong>, buscando um dos<br />

36

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!