memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC
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RESUMO<br />
O presente estudo procurou resgatar através <strong>da</strong> memória <strong>de</strong> <strong>parteiras</strong> um fazer que<br />
historicamente está associado a uma prática feminina, tentando uma aproximação <strong>de</strong>sse fazer<br />
com o que se tem proposto atualmente como “humanização do parto”. Trata-se <strong>de</strong> um estudo<br />
qualitativo que utilizou a História Oral Temática como método <strong>de</strong> apreensão dos <strong>da</strong>dos.<br />
Seguindo uma tendência <strong>de</strong> vários oralistas <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, as narrativas coleta<strong>da</strong>s através <strong>da</strong>s<br />
entrevistas foram apresenta<strong>da</strong>s na íntegra, textualiza<strong>da</strong>s pela autora, na tentativa <strong>de</strong> manter<br />
to<strong>da</strong> a força e singulari<strong>da</strong><strong>de</strong> conti<strong>da</strong>s nesses discursos. Da pesquisa participaram sete<br />
colaboradoras, sendo três do Estado <strong>de</strong> Santa Catarina e quatro do norte do estado <strong>de</strong> Minas<br />
Gerais. A colônia foi composta por mulheres que durante o período compreendido entre as<br />
déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> quarenta e a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> oitenta <strong>de</strong>dicaram-se ao ato <strong>de</strong> partejar, quer seja em<br />
âmbito domiciliar ou hospitalar, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> forma como apren<strong>de</strong>ram a fazer partos.<br />
Tendo como objetivo <strong>de</strong>svelar o i<strong>de</strong>ário contido nas narrativas à luz <strong>de</strong> um referencial <strong>de</strong><br />
gênero, o estudo analisou alguns aspectos codificados como “lugares <strong>de</strong> significados” que<br />
foram: o perfil <strong>da</strong>s <strong>parteiras</strong>; como e on<strong>de</strong> partejavam; a vocação; o cui<strong>da</strong>do, a humanização e<br />
a ética. Os <strong>da</strong>dos obtidos evi<strong>de</strong>nciam um fazer já bastante atrelado ao saber/fazer médico,<br />
mesclando-se com conhecimentos <strong>de</strong> senso comum adquiridos com outras mulheres,<br />
principalmente no caso <strong>da</strong>s <strong>parteiras</strong> que não passaram por um aprendizado formal, além <strong>de</strong><br />
que a maioria <strong>de</strong>las, direta ou indiretamente estavam liga<strong>da</strong>s à Enfermagem. Evi<strong>de</strong>ncia-se,<br />
principalmente quanto à remuneração e à valorização do fazer <strong>da</strong>s <strong>parteiras</strong>, a confirmação <strong>de</strong><br />
alguns estereótipos relacionados às relações <strong>de</strong> gênero, em que o trabalho feminino (cui<strong>da</strong>do),<br />
muito ligado ao espaço privado, doméstico é <strong>de</strong>svalorizado. Supera-se a visão <strong>da</strong> parteira<br />
como mulher ignorante, além <strong>de</strong> se tornar evi<strong>de</strong>nte que humanização passa pelo engajamento<br />
<strong>da</strong>s trabalhadoras em saú<strong>de</strong> em torno <strong>de</strong> novas perspectivas político-filosóficas do cui<strong>da</strong>do<br />
exercido por não médicos durante o parto.