13.06.2013 Views

memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

autonomia entre cui<strong>da</strong>dora/or e ser cui<strong>da</strong>do, e o particularismo que envolve essas duas<br />

dimensões.<br />

Não é objetivo <strong>de</strong>sse estudo aprofun<strong>da</strong>r as questões relativas à morali<strong>da</strong><strong>de</strong> do cui<strong>da</strong>do,<br />

mas é importante pensarmos que esses aspectos levantados por essa autora estão intimamente<br />

ligados ao cotidiano em saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma forma muitas vezes irrefleti<strong>da</strong>. E em linhas gerais e<br />

bem sucintamente falando importa a conclusão que a autora chega ao fato do “cui<strong>da</strong>r <strong>de</strong>” ser<br />

ligado ao feminino. Para ela, concor<strong>da</strong>r e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r como fazem algumas autoras o cui<strong>da</strong>do<br />

como ética feminina é uma maneira <strong>de</strong> continuarmos mantendo a interpretação <strong>da</strong><br />

feminili<strong>da</strong><strong>de</strong> como antítese <strong>da</strong> masculini<strong>da</strong><strong>de</strong> , enten<strong>de</strong>ndo o masculino como o normal<br />

mantendo assim as <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s leva<strong>da</strong>s a cabo pela dicotomia entre o público e o privado,<br />

em que cui<strong>da</strong>do insere-se no espaço privado em oposição ao espaço público masculino on<strong>de</strong><br />

se insere as preocupações sociais e políticas. Daí ela propõe uma abor<strong>da</strong>gem feminista do<br />

cui<strong>da</strong>do no sentido <strong>de</strong> problematizar as questões relativas ao cui<strong>da</strong>do:<br />

148<br />

Essa abor<strong>da</strong>gem feminina do cui<strong>da</strong>r não po<strong>de</strong>, então, servir <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> para<br />

um questionamento mais amplo do papel a<strong>de</strong>quado do cui<strong>da</strong>r na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. [...] [...]a<br />

abor<strong>da</strong>gem feminina do cui<strong>da</strong>r carrega o fardo <strong>da</strong> aceitação <strong>da</strong>s divisões tradicionais<br />

<strong>de</strong> gênero numa socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que <strong>de</strong>svaloriza o que as mulheres fazem. [...] Em<br />

contraste, uma abor<strong>da</strong>gem feminista do cui<strong>da</strong>r necessita começar por ampliar a<br />

compreensão do que significa cui<strong>da</strong>r <strong>de</strong> outros, tanto em termos <strong>de</strong> questões morais<br />

como em termos <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reestruturar instituições políticas e sociais mais<br />

amplas, se o cui<strong>da</strong>r <strong>de</strong> outros constituir uma parte mais central <strong>da</strong>s vi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> todos os<br />

dias <strong>de</strong> todo mundo na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. (TRONTO, 1988, p.200)<br />

Trazendo a abor<strong>da</strong>gem do cui<strong>da</strong>do para o espaço institucional parece que o “cui<strong>da</strong>r <strong>de</strong>”<br />

esta relacionado com a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> feminina coloca<strong>da</strong> por (LOPES, 1996), enquanto a<br />

qualificação profissional estaria relaciona<strong>da</strong> ao “cui<strong>da</strong>do com”, preocupar-se. Para algumas<br />

autoras que se <strong>de</strong>dicam aos estudos <strong>da</strong>s relações <strong>de</strong> gênero e saú<strong>de</strong> especialmente nos<br />

hospitais, (MEYER; LOPES; WALDOW, 1996) seria o cui<strong>da</strong>r (atributo <strong>da</strong><br />

enfermagem/feminino) e o tratar (atributo médico/masculino). Uma convergência é explícita<br />

nas três leituras: a manutenção <strong>da</strong> assimetria <strong>de</strong> gênero marca<strong>da</strong> pelo valor social que se dá a<br />

essas práticas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do sexo <strong>de</strong> que as <strong>de</strong>sempenhe embora o gran<strong>de</strong> contigente <strong>de</strong><br />

quem cui<strong>da</strong> são <strong>de</strong> mulheres.<br />

E quais as implicações que essa análise trás para as questões relativas à humanização<br />

do parto? Proponho três aspectos fun<strong>da</strong>mentais a serem analisados: o primeiro aspecto está<br />

usa<strong>da</strong> por Marta Júlia Marques Lopes no seu artigo “O Sexo do Hospital”

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!