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memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

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nível médio, e os aten<strong>de</strong>ntes em exercício <strong>de</strong>veriam qualificar-se num prazo <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos a<br />

contar <strong>da</strong> <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> promulgação <strong>da</strong> lei.<br />

Tanto a formação como a forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolverem suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s profissionais<br />

aconteceram num contexto estrutural a partir <strong>da</strong>s modificações que foram ocorrendo na<br />

política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> brasileira ao longo <strong>de</strong>ssas quatro déca<strong>da</strong>s. em que atuaram O ato <strong>de</strong> partejar<br />

é orientado pelo mo<strong>de</strong>lo médico oficial e aos poucos é absorvido pelo mo<strong>de</strong>lo<br />

hospitalocêntrico que vai se expandindo pelo Brasil principalmente a partir dos anos sessenta.<br />

Alguns <strong>da</strong>dos apontados por Nakamae salientam essa inversão <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> assistência à<br />

saú<strong>de</strong> no Brasil a partir dos anos sessenta:<br />

136<br />

A unificação, bem como uma modificação mais consistente na estrutura<br />

provi<strong>de</strong>nciaria monta<strong>da</strong> nos anos 30, é processa<strong>da</strong> em 1971 com a criação do<br />

Instituto Nacional <strong>de</strong> Previdência Social (INPS), sob a pressão do crescimento <strong>da</strong><br />

procura por assistência médica e do agravamento <strong>da</strong> situação financeira dos IAPs.<br />

[...] enquanto em 1949 o gasto com a assistência médica representava 7,3% <strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>spesa total <strong>da</strong> previdência social, a proporção subiu para 19,3% em 1960, 24,7%<br />

em 1966, e 29,6% em 1997. Estes números certamente refletem o aumento <strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>man<strong>da</strong> por cui<strong>da</strong>do médico, mas também a tecnificação e a elevação dos custos<br />

dos atos médicos resultantes <strong>de</strong>ssa tecnificação.[...] A assistência ambulatorial<br />

<strong>de</strong>clina <strong>de</strong> 36,2% em 1960 para 23% em 1967, ao passo que a assistência hospitalar<br />

se eleva <strong>de</strong> 22% para 58,2% nesse mesmo período. (NAKAMAE, 1987, p.40/41)<br />

Assim, aos poucos, os hospitais passam a ser o local privilegiado para a realização dos<br />

partos sob o controle médico em todos os aspectos. As próprias <strong>parteiras</strong> incorporam o<br />

discurso do alto risco que significa o parto, aliado às dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s reais que elas encontravam<br />

para realizarem os partos domiciliares. Mas mesmo no espaço hospitalar são elas que<br />

continuam a realizar a maioria dos partos, conforme veremos a seguir.<br />

5.2 On<strong>de</strong> e como partejavam<br />

Para enten<strong>de</strong>rmos com mais clareza as questões que envolvem os locais on<strong>de</strong> elas<br />

faziam partos, e a maneira como faziam, é preciso atentarmos para a temporali<strong>da</strong><strong>de</strong> em que<br />

estavam inscritas. Como em todos os processos históricos não há uma lineari<strong>da</strong><strong>de</strong> concreta<br />

nem tampouco um marco fixo que <strong>de</strong>limite as mu<strong>da</strong>nças. O processo vai se <strong>de</strong>senrolando: ora<br />

mais rápido ora mais lentamente, inscrevendo as marcas <strong>da</strong>s diferentes cosmovisões que aos<br />

poucos vão afetando o cotidiano <strong>da</strong>s pessoas em todos os níveis <strong>de</strong> atuação.<br />

Do domicílio ao hospital, lentamente o ato <strong>de</strong> partejar vai sofrendo mu<strong>da</strong>nças<br />

substanciais. Do lado <strong>da</strong>s <strong>parteiras</strong> essa mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> local parece ter sido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre bem

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