13.06.2013 Views

memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

memórias de parteiras - Repositório Institucional da UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

hospital. Nessa época nasceu minha outra filha mas também não<br />

fui ao hospital, nasceu comigo em casa. Quando tinha um parto<br />

que eu ficava em dúvi<strong>da</strong> muitas vezes eu chamava os médicos em<br />

casa e eles vinham, e quando não <strong>da</strong>va eu levava para o<br />

hospital e acompanhava lá no hospital.<br />

Mas a gran<strong>de</strong> maioria dos partos eram feitos mesmo em casa.<br />

Aqui na minha casa mesmo tinha quatro camas, uma vez eu tive<br />

quatro pacientes, vin<strong>da</strong>s <strong>da</strong> roça para ganhar neném aqui.<br />

Vinham para a minha casa: eu tinha um quarto com quatro camas<br />

para elas dormirem, e aquela que passava mal, eu punha no<br />

outro quarto e fazia o parto <strong>de</strong>la. Mas quando elas moravam<br />

aqui na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> mesmo eu ia na casa <strong>de</strong>las, elas ganhavam em<br />

casa, nos seus quartos <strong>de</strong> dormir. Ficava com elas o tempo todo<br />

o parto todo: duas, três, quatro, cinco horas, o dia todo<br />

porque quando é o primeiro parto sempre é mais difícil, tinha<br />

que ficar acompanhando, eu já levava até os remédios. Quando<br />

eu estava fazendo o curso, o Dr. explicou como é que usava as<br />

injeções, então só eu trabalhava com injeção, eu e uma outra<br />

colega, a D. Helena que já morreu. Quando ia aten<strong>de</strong>r eu já<br />

levava as injeções, levava injeção <strong>de</strong> soro, eu levava tudo,<br />

quando eu ia, eu já levava as coisas to<strong>da</strong>s.<br />

Numa ocasião aconteceu um impedimento <strong>de</strong> uma senhora<br />

ganhar neném: notei que não tinha placenta, aí eu trouxe ela<br />

pra cá e teve que operar porque a placenta era gru<strong>da</strong><strong>da</strong> no<br />

útero, não saía <strong>de</strong> jeito nenhum, teve que operar mesmo. Porque<br />

eu já sabia até quantos minutos levava para tirar a placenta e<br />

<strong>de</strong>ssa vez não saía mesmo. Trouxemos ela para cá, veio aqui<br />

para a minha casa e não para o hospital, porque esse era o<br />

costume. O doutor veio aqui examinou a senhora e disse que não<br />

tinha jeito mesmo, eu estava certa, e disse que era preciso<br />

levar para o hospital e operar. Então a gente tinha que<br />

compreen<strong>de</strong>r tudo isso: como é que estava a criança, o tamanho<br />

<strong>da</strong> criança, se nascia, se não nascia. Era preciso ver a<br />

posição que estava a criança. Uma vez eu fui fazer um parto e<br />

quando eu fiz o toque notei que a criança estava com a mão<br />

numa posição muito estranha. Então levei a senhora para o<br />

hospital e ao médico: doutor, eu vou passar a minha paciente<br />

para o senhor e quero saber se eu estou certa. Para mim a<br />

criança está com a mão na testa e eu não sei para que lado eu<br />

<strong>de</strong>vo <strong>de</strong>scer o braço. Aí ele mesmo fez o parto. E esse médico<br />

que fez o parto <strong>de</strong>ssa criança nos falava que quando terminasse<br />

o parto era preciso examinar to<strong>da</strong> a criança para ver se tinha<br />

alguma anormali<strong>da</strong><strong>de</strong>. E ele fez esse parto lá no hospital e no<br />

outro dia pela manhã, ele mandou a dona ir pra casa.<br />

Eu esperava até cair o cordão umbilical, o serviço era<br />

meu, banhava o bebe até cair o umbigo, cinco seis, sete dias.<br />

A gente tinha que <strong>da</strong>r conta do serviço completo! Qualquer<br />

coisa que houvesse nesse intervalo, se acontecesse algo <strong>de</strong><br />

errado com a mãe ou o filho a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> era nossa.<br />

Então nesse período eu ia banhar todo dia a criança não<br />

<strong>de</strong>ixava ninguém mexer. Depois disso eu entregava para a mãe,<br />

55

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!